Deserto


No deserto de uma folha em branco faço-me por inteiro: Canto com os cantos infinitos brancos, que de tão brancos silenciam ventos - tempestades de areia em um coração de andarilho. Quando fecho meus olhos, me faço sombra em um sombrio deixe estar. Meu nome talvez jamais seja sussurrado, mesmo sendo o vento do meu deserto infinito. Sinto o cheiro de nada que se aproxima de mim, as palavras não fazem sentido, mesmo sendo eu e uma suposta amada nativos silenciosos desse deserto preenchido liricamente por uma folha em branco.
autororia: "Marcos"

(auto biografia) entre parentêses PARTE XV


Continuando... (O telefonema)

Quando ele entrou na cela, (com aquela "cara de pau" como quem não sabia o que estava acontecendo) entreguei o telefone na mão dele com cara de poucos amigos é claro, e ele ainda me perguntou:
- O que foi?
- Toma ai atende, é sua esposa.
Ele pegou o telefone da minha mão e perguntou quem estava falando, o volume do auto-falante era tão auto que eu pude ouvir o que ela respondeu:
- Sou eu amor.
- Eu quem? (disse ele sendo irônico)
- Vai me dizer que não reconhece minha voz amor? (por sinal ela tinha uma bela voz)
- Eu já não disse a você para não ficar me ligando? Sou casado, amo minha mulher e tenho um filho com ela. Por quê você ainda insiste? (aiii que cara de pau! Tive vontade de meter um tapa na cara dele).
A ligação caiu, ou ele desligou sei lá, e ela não retornou. Começamos a discutir, e é claro, ele tem uma lábia muito boa, e eu que era uma tonta... cai como um patinho.
Ele me disse que não tinha nada com ela, que já havia dito a ela que era casado mas ela continuava insistindo, então eu perguntei:
- Peraí, mas como ela conseguiu o seu numero? Ele me respondeu que ela era irmã da mulher de um amigo de cela, e que tinha ligado um vez para passar um recado por isso tinha o número.
É claro que eu acreditei, era mais cômodo pra mim acreditar nele, e outra eu não à conhecia.
Então acabei por acreditar nele, fui burra eu sei, e acreditem essa história do telefonema não acabou por aí, ainda tem muito pano pra manga.

Continua...


NOTA DA SEMANA:

Barbeiro:

  1. s.m.:
    indivíduo que barbeia por profissão; fig., indivíduo que não é hábil na sua profissão;
  2. Brasil:
    mau condutor de automóveis; curandeiro; vento forte e frio que irrita a pele e que dá a sensação da navalha na cara.

Bom! gente sublinhei o significado que melhor se encaixa na minha condição, sábado a caminho do meu trampo cometi tamanha barberagem, pois é, logo eu que me julgo a 'piloto' e depois de tantos anos dirigindo, pela primeira vez causei uma batida.

Isso mesmo, talvez seja exagero dizer batida, apenas dei uma encostadinha na traseira do golzinho G3, juro.

Saldo da falta de atenção no transito R$ 600,00 do concerto do carro do cara + R$ 500,00 do concerto do meu, agora saber que nessas horas temos amigos a quem podemos contar não tem preço. Para todas as outras existem, financiamentos, crédito pessoal, cartões de crédito, adiantamento de 13º salário entre outras, rsrsrs.


(auto biografia) entre parentêses PARTE XIV

Continuando...

Minha vida se resumia a uma semana vazia e um fim de semana cheio de ilusão, sempre ficava na expectativa de que a próxima visita seria melhor (achava que o erro estava em mim, com isso procurava sempre dar o meu melhor), mas quando chegava a visita, por mais que eu tivesse me esforçado para ser melhor, era a mesma coisa, a mesma rotina de sempre.
Isso me frustrava cada vez mais, sempre achava que eu não estava sendo boa o suficiente para ele (vivia me indagando... Onde estou errando meu Deus? E a resposta estava clara "bem na minha cara" e eu não a enxergava).
Com certeza o erro estava mesmo em mim, estava na minha maneira de pensar, em me achar insuficiente. Se eu mesma não conseguia enxergar meu potencial, quem o enxergaria?
Um certo dia eu estava na visita, (como sempre sozinha, pois ele estava fora da cela "sabe-se lá Deus" fazendo o que) quando o telefone tocou, (Sim! você leu certo "telefone" ... existem vários lá dentro, isso todo mundo já está careca de saber) e como ele não estava lá, eu atendi...
- Alô, com quem a senhora gostaria de falar? (Era uma mulher)
- Por favor chame o "fulano de tal". (esse fulano de tal é meu marido, comecei a tremer nessa hora, mas procurei manter o sangue frio)
- Ele não está por aqui agora, e eu não posso chama-lo.
- Quem é você? (ela me perguntou com um tom de ironia)
- Sou a esposa dele, por quê? (quando eu disse isso ela deu uma rizadinha sarcástica)
- Ah! você também é esposa dele flor? Engraçado achei que ele era só meu. (ai meu sangue subiu)
- Você quer falar com ele? Espera aí que eu vou chama-lo ta.
Eu abri a porta da cela (uma atitude que é proibida, por uma lei imposta pelos próprios presos, talvez para encobrir as tantas sem-vergonhices que há em dia de visita, nenhuma mulher pode sair da cela se não estiver acompanhada por seu marido), avistei um preso no qual eu sabia o nome, então eu o chamei (precisavam ver cara dele quando me viu chamando por ele, ficou em choque), ele veio em minha direção, mas manteve distância pois estava com medo. Então eu disse a ele que chamasse o fulano de tal "meu marido", pois a esposa dele estava no telefone (agora imaginem a cara dele que já era de susto, ficou pior ainda).
Entrei novamente na cela, peguei o telefone e disse a "esposa nº2" que ele já estava vindo e ela ainda me agradeceu.
continua...



(auto biografia) entre parentêses PARTE XIII

Continuando...


Saia de S.Paulo na sexta e voltava só no domingo por volta das 22:30, isso quando não acontecia nenhum imprevisto no caminho de volta, (como os problemas mecânicos no ônibus que eram frequentes) quando isso acontecia, na maioria das vezes, chagavamos em SP com horas de atraso, muitas vezes até os ônibus já haviam parado de circular, conclusão... não tinha possibilidade de chegar em casa. Teve uma vez que eu cheguei só na segunda de manhã, sem contar a vez que eu fui a pé pra casa, pois quando cheguei no ponto para pegar o ultimo ônibus, ele não parou pra mim "acho que o motorista assim como eu, estava cansado e com pressa de chegar em casa", neste dia eu fui caminhando até a minha casa, mais ou menos uma hora e quarenta minutos andando com bagagem pesada e tudo mais "tinha que andar se não dormiria na rua".
Mas nada disso era tido com um sacrifício por mim, achava difícil mas isso não era o bastante, não tinha o que me impedisse, a vontade de ir vê-lo era muito maior do que qualquer obstáculo. Findava-se a semana e a jornada começava novamente.
O fim de semana era sagrado, visita no sábado, visita no domingo "coitadinho do meu filho, ele nem sabia o que era um domingo no parque, pelo menos não comigo, as vezes quando ele saia era sempre com os outros e nunca comigo". Eu estava cega, só pensava no pai do meu filho e porta de cadeia, e nem se quer enxergava que ele não estava correspondendo a esse amor todo que eu estava dedicando a ele (por incrível que pareça até da comida que eu preparava pra ele com tanto carinho ele reclamava, sempre tinha um defeito pra colocar), não me dava a atenção que eu merecia na visita, e muitas vezes ele passava a maior parte dormindo, isso quando ele não saia da cela e me deixava sozinha.
E eu é claro optava pelo famoso "DR" (... discutir a relação), queria que ele reconhecesse o meu sacrifício (mas como ele poderia reconhecer um sacrifício que nem eu mesma reconhecia?), queria que ele me desse mais valor, mas eu mesma não me valorizava, é claro que o tal do "DR" sempre acabava em briga, e eu sofria horrores com isso. Vivia me sentindo menosprezada, um "lixo", auto-estima? isso pra mim não existia, nem se quer sabia seu significado.
continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE XII

continuando...


O tempo passava e eu nada de acordar, mais um ano se foi e nenhuma mudança em minha vida. Ainda vivia pra ele, tudo que eu fazia era sempre pensando única e exclusivamente nele, não tomava se quer uma atitude se não fosse para algum benefício relacionado a ele.
Tanto que consegui o emprego dos meus sonhos (*** Naquela época era sonho), trabalhar no ônibus da excursão da cadeia, muito cômodo não é mesmo? Unir o útil ao agradável, assim com esse emprego eu iria visita-lo na prisão sem pagar passagem e hospedagem, ainda por cima ganhava um troquinho pra me ajudar nas despesas.
Com isso fiquei me sentindo realizada, (*** mais uma vez quero deixar bem claro que isso foi à mais ou menos uns cinco anos atraz, de lá pra cá muita coisa mudou... mas ainda não cheguei nesse capítulo... aguardem) então minha vida era só excursão pra cadeia, não pensava em mais nada, e meu filho coitado ficava sempre de lado, não tinha dia das mães, aniversário, dia das crianças, natal, etc e tal. Se a data caísse em dia de visita podia me esquecer.
Minha família já nem me criticava mais, se cansaram de perder tempo tentando abrir meus olhos.
Parecia que estava tudo indo bem ao meu ponto de vista, todo fim de semana era aquela mesma rotina de sempre, arrumava minhas malas (que por sinal não eram nada nada leves, pois além de roupas, tinha também o sagrado jumbo*, e comidas prontas que eram o que mais pesava), quando cruzava o portão de minha casa, todos já sabiam pra onde eu ia (e acho que pensavam "lá vai a burrinha de carga"). Era um sacríficil carregar tantas bagagens com apenas duas mãos, e naquela época nem carro eu tinha, ia até o ponto de ônibus, quando o ônibus chegava eu tinha que pedir para o motorista abrir a porta traseira, pois era impossível passar pela roleta com tantas tralhas. Dai depois era uns vinte minutos até a estação do trem, descia do ônibus e lá vai a burrinha de carga outra vez embarcar toda a bagagem no trem, cinco estações depois descer do trem e fazer baldeação para o metrô, ir até a estação da Sé pra novamente fazer a ultima baldeação, o maior problema era descer do metrô na Sé, pois era eu querendo sair e o povo entrando e me empurrando de volta (já aconteceu de eu não conseguir desembarcar na Sé, e descer na próxima estação e pegar o metrô de volta pra Sé), depois da última baldeação enfim chego a "Estação Carandiru" é de lá que saem os ônibus pra diversas penitenciarias do interior.(isso ainda com toda a minha muamba tudo em ordem, ufaaa), mas não termina ai o sofrimento não, apenas uma etapa que foi cumprida, agora sim é que vai começar a luta, tinha que rapidamente guardar minhas coisas no ônibus, pois a partir dai começava o meu trabalho, organizar passageiros, conferir e colocar números nas bagagens... E mais ou menos uma hora e meia depois, o buzão partia do Carandirú rumo ao interior, mais ou menos umas sete horas de viajem.

continua...


* Jumbo é o nome dado pelos presos aos alimentos que as famílias levam em dia de visita.
ps: Mas na minha opinião deveria se chamar Chumbo, pois é pesado pra burro. rsrs

Eleição... "Da POLUIÇÃO visual para a POLUIÇÃO sonora"

Isso é o cúmulo do absurdo, agora os políticos entraram na onda do funk. Isso é a prova de que pra eles o povo não passa de um bando de "ignorantes", e fazendo um trocadilho na música de funk fica fácil de decorar seu maldito número. É bem simples, na hora de votar, o "eleitor ignorante" vai se lembrar da músiquinha do créu e votar no Manuel. Isso é patético cara, acho que nós eleitores deveríamos exigir o mínimo de respeito de nossos governantes, se não daqui a pouco vamos ter a mulher melancia como presidente do Brasil.
Sem contar que isso se tornou uma poluição sonora, acho que passaram dos limites literalmente, pois o volume é tão alto, que por onde o carro de som passa, ninguém consegue ouvir mais nada além do funk eleitoral gratuito.
Pior de tudo é que a tal música entra lá dentro dos neuronios, e sem você querer ela fica tocando lá dentro por horas.
Ainda não sei em quem eu vou votar nessas eleições, mas de uma coisa pode ter certeza, no Manuel do Créu** definitivamente é que não vai ser.
Fico me perguntado aonde iremos parar com essa política "chinfrim" na qual o eleitor nada mais é do que um marionete nas mãos de políticos corruptos***, que só pensam em engordar contas bancárias fantasmas em paraísos fiscais, com o dinheiro desviados de verbas públicas ou de obras super facturadas.
No meu bairro mesmo, inauguraram um novo semáforo. Mas a questão é que o semáforo foi colocado em um cruzamento que quase não há movimento de veículos, daí o povo fica se perguntando: - Por quê será? Será que talvez seja para os pedestres atravessarem com mais segurança? Ou por quê querem um trânsito melhor? N Ã O, a resposta para essa pergunta é outra pergunta: - Quanto será que custou para os cofres públicos esse semáforo inútil? Será que toda a verba solicitada foi realmente usada nesta obra? Ou será que... sei lá quantos % dela esta em um paraíso fiscal?
São perguntas como essa que vivem sem respostas. E talvez se nós eleitores cobrassemos mais por um governo transparênte, por uma política mais respeitável, o nosso país não estaria do jeito que esta, e nem com essa política de baixo nível.
Bom eu sei que se cada um fizer a sua parte, juntos acabaremos com essa pouca vergonha em que se encontra a política do nosso Brasil.
Do que adianta o voto ser obrigatório se o povo vota por votar, muitas vezes vai a urna sem ao menos saber o número de seu candidato, digita qualquer tecla e vai pela sorte. Sou a favor no voto não obrigatório, pois assim só vai as urnas quem quer e realmente sabe em quem votar.
Enfim, a minha parte eu irei fazer...
... E você fará a sua?
** É claro que Manuel do créu é um nome simbólico, mas acreditem a política do funk eleitoral gratuito é muito verdadeira, por mais absurda que pareça.
*** Sem querer generalizar, sei que há também políticos honestos afim de lutar pelo bem do povo, o mundo não pode estar totalmente perdido não é mesmo? Eu ainda tenho esperança no meu Brasil.
obs: Gente desculpe pelo post sobre política, sei que isso é chato pra c........, mas é um assusto que deve ser debatido e principalmente pelos jovens, isso não é coisa só de velho, temos nossa opinião e temos que ser respeitados, pois somos o futuro dessa nação. Deixem seu espírito político aflorar!!

(auto biografia) entre parentêses PARTE XI

continuando...


Chegando de volta a SP, tive que resgatar meus móveis (pois estavam espalhados, ou melhor, amontoados à quase um ano nas casas de parentes... mãe, tia, sogro... e ai vai). Bom depois de juntar todos os "cacarecos" é hora de organizar a bagunça (armário na parede, panelas no armário, tralhas no guarda-roupas, tapetes no chão... enfim muita coisa pra arrumar). Meu armário coitado, ficou tanto tempo no chão que não queria mais saber de parede não (MeuDeusdocéu... ele estava tão "empenado"que tive que calçar a parede).
Umas três horas depois... (ufa acabei) Nossa foi tão bom ver minhas coisas arrumadas novamente, poder apertar o botão de acendimento automático do meu fogão e esquecer de vez aquele fogão pré-histórico com asas laterais e a velha caixinha de fósforos. Ah! e o meu microondas então... nossa que saudade que eu tava dele, é a parte de cozinha que eu mais uso, rsrs.
Mas não pense que tudo foram flores dai pra frente, pois não foi bem assim. Minha irmã (sim! a mesma que disse que ninguém iria obriga-la a morar comigo), já estava morando nessa mesma casa, conclusão: acabamos morando juntas do mesmo jeito.
As brigas eram constantes entre eu e ela, motivos banais já eram o suficiente para um terremoto, e ela sempre se achava no direito só porque já morava lá antes de mim, sempre que discutíamos ela gritava "os incomodados que se mudem" ou "eu já morava aqui antes de você".
Eu ainda continuava sem trabalho, (não sei como eu consegui vegetar por tanto tempo) consegui vaga para o meu filho em uma creche (a melhor do bairro), acordava as 6:30 para leva-lo para a creche, e depois ao em vez de aproveitar a oportunidade e sair em busca de um emprego, conquistar minha independência, NÃO... eu voltava pra casa e dormia até o meio dia, ainda por cima como se não bastasse, ainda ia procurar por almoço na casa de meu pai. Sei que é o cúmulo isso, quando me recordo dessa época tenho raiva de mim mesma, raiva de ter desperdiçado tanto tempo em minha vida vegetando, sendo como "uma pedra no sapato" de meu pai, e sempre me achando a coitadinha, vê se pode isso?
Nada me fazia abrir os olhos para a vida, vivia pensando no pai do meu filho, torcendo para que o fim de semana chegasse logo para eu ir visita-lo na prisão. Parecia até que era eu é que estava presa, mas só eu é que não enxergava isso.


continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE X

continuando...
Com o dinheiro do carro chegando ao fim, as possibilidades de eu continuar naquela cidade distante e sozinha eram praticamente zero, e eu sabia muito bem disso.
Então eu resolvi pegar o ônibus para SP, mas por enquento só à passeio, assim mataria a saudade de todos e aproveitaria para ver como andavam as coisas. E realmente esse tempo que eu fiquei longe foi bom, pois me desligar um pouco da família fez com que sentissem minha falta, passei a semana em SP.
Daí depois de tanto tempo, finalmente meu pai resolveu me oferecer a casa que tanto eu havia emplorado para morar, e eu é claro fiquei tentada em aceitar, mas me fiz de dificil e deixei para decidir depois. Chega o fim de semana e é hora de embarcar novamente no ônibus da excursão para a cadeia. Depois de oito horas dentro do "buzão" chegamos eu e meu filho em nossa casinha do interior, mas não imaginava o que havia acontecido por lá, quando desci do taxi tive uma surpresa desagradável... Havia um buraco na parede da casa, isso mesmo um buraco. Quando abri a porta de casa me deparei com uma enorme bagunça, entraram em minha casa, reviraram as minha coisas, (e olhe que eu não tinha quase nada) ainda por cima não arrombaram minha porta, e sim minha parede. Fiquei chocada com aquilo, fui imediatamente conferir minhas coisas para ver se estava faltando algo, e o mais estranho é que não levaram nada, a não ser algumas coisas da geladeira. Poderiam ter levado aparelho de som e tv, mas não levaram nada, apenas deixaram ameaças em minhas paredes. Dentre elas algumas escritas como "se joga da quebrada" e alguns palavrões, nem me lembro mais.
Fiquei me perguntando quem seria o autor de tudo aquilo, quem teria tanta raiva de mim assim para cometer tal atrocidade? Em seis mêses que estava morando ali nunca havia feito inimizades, nem ao menos tive desentendimento com alguém.
Confesso que fiquei com medo daquilo, e logo liguei para meu pai contando do acontecido, e meu pai com medo de que algo pior pudesse me acontecer, disse para eu definitivamente ir embora dali.
Então assim que acabou a visita do pai do meu filho, eu arrumei minhas coisas e fui embora para SP...
Começa ai uma nova fase em minha vida!

continua...


obs: Queridos amigos desculpem a minha demora para postar um novo capítulo, é que minha vida anda muito corrida ultimamente, mas prometo que não abandonarei isso aqui, farei post's menores por falta de tempo, e também porque são menos cansativos.
Ah! só mais uma coisinha, quero lembrar que posso não estar postando com tanta frequência, mas nunca esqueço dos meus amigos blogueiros... beijinhos da gi

(auto biografia) entre parentêses PARTE IX

continuando...


De volta para minha realidade, sem casa para morar e com um filho pequeno, estava de casa em casa, sogro... sogra... tia... Etc e tal.

Minha mãe arrumou um novo marido e estava de mudança para o paraná, na época minha irmã do meio tinha uns 16 anos e não queria ir com minha mãe, e é claro que minha mãe não poderia ir embora e deixa-la morando sozinha, então juntando o útil ao agradável eu fui até a casa de minha mãe se oferecer para morar junto com minha irmã (e mais uma vez iria quebrar minha cara), minha mãe até que concordou, já a minha irmã por pirraça boba de adolescente disse que comigo ela não moraria e ninguém a obrigaria a fazer isso (nem dá pra explicar o que eu senti naquele momento, minha própria irmã falando aquilo sabendo que eu nem casa tinha pra morar, meu mundo se acabou de repente), e como minha irmã sempre foi a queridinha da mamãe é claro que minha mãe fez a vontade dela, e chamou uma prima pra morar com ela mesmo sabendo que eu não tinha para onde ir. Mais uma vez sai com meu filho nos braços sem rumo, sem destino e derramando lágrimas de sangue, pois a cada dia meu coração se dilacerava mais, não tive apoio nenhum da minha própria família, isso machuca demais.

Mas tava na cara que minha irmã morando com minha prima não iria dar certo, minha prima não tinha nenhuma responsabilidade, mal sabia cuidar de si mesma quanto mais cuidar de minha irmã em fase adolescente e ainda por cima namorando, meu pai começou a pegar no pé de minha mãe dizendo que ela estava sendo irresponsável em deixar minha irmã morando assim praticamente sozinha, então meu pai resolveu pegar a guarda de minha irmã e a casa da minha mãe ficou vazia (então adivinhem o que minha mãe fez?... não ela não me deu a casa para morar, ela a vendeu... sim ela vendeu a casa). Nesse momento eu decidi que era hora de retirar meu time de campo, sem ter pra onde ir e aguentando humilhações na casa de parentes do pai de meu filho resolvi ir embora de SP, na época eu tinha um carro que valia uns R$ 7 mil, era meu único bem e eu me desfiz dele, e nessas horas de mais necessidade é que aparecem aqueles tipos aproveitadores, o cara pra quem eu vendi o carro me deu alguns cheques roubados, dá pra acreditar nisso? Eu fiquei com o recibo do carro, mas de que valia o recibo se esse cara já tinha sumido com o meu carro? A minha única opção foi esperar a boa vontade dele em me pagar, então ele foi me pagando o carro aos poucos e foi com esse dinheiro que eu sobrevivi por alguns meses na cidade do interior onde o pai de meu filho estava preso (sim acreditem eu me mudei para mais de 700km de distância de SP sozinha com um filho pequeno só com a cara e a coragem). Cheguei nessa cidade sem nenhum conhecimento e fiquei na casa de uma mulher que também tinha o marido preso lá junto com o meu, até eu encontrar uma casa para eu alugar, e nessa cidade mulher de preso era muito descriminada então era ainda mais dificil arrumar uma casa, passei alguns 'mals bucados' na casa dessa mulher, ela me roubou dinheiro, roupa sem contar que eu tinha que comprar de tudo pra casa dela pois eu estava lá de favor.


Acho que fiquei na casa dela mais ou menos uns 30 dias, (mais foi tão ruim que pareceu mêses), mas graças a Deus logo consegui uma casinha pra alugar, entrei pra dentro dessa casa sem nenhum móvel, lá dentro tinha apenas um sofá velho que serviu como cama, e meu filho que na época tinha apenas mêses. Depois fui à uma loja de móveis usados e comprei um fogão pré-histórico daqueles do tempo de nossos avós 'azul' que tem tipo umas asinhas laterais, (acho que tem gente que nunca nem viu esse tipo de fogão) pois é mas o importante era que ele funcionava, paguei R$ 30 reais nele e a dona da casa que eu aluguei me emprestou um butijão de gás, comprei também uma geladeira por R$ 50 reais (pelo preço dá até pra imaginar o estado da geladeira né? rsrs) e foi assim que eu fui me virando por lá, sozinha longe de todos apenas com o meu bebê de companhia. Acho que o que fiz foi o certo naquele momento (ter ido pra longe de todos, precisava de um tempo sozinha), passei 6 mêses por lá, foram dias de muita paz e sussêgo, tanta paz que pareceu ser é 6 anos, nesse tempo que fiquei por lá pude visitar o pai do meu filho todos os finais de semana, pois da minha casa até a penitênciária era apenas alguns minutos andando. Mas infelizmente o dinheiro do carro estava se acabando, e esse dinheiro era minha única renda, será que o pesadêlo vai voltar? será que voltarei a passar por humilhações na casa dos outros?



Continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE VIII

continuando...


Com a condenação veio também a transferência para o presídio no interior de Sp, pois não há mais presídios na capital, agora para visita-lo eu teria que viajar mais de oito horas, sem contar a dispesa com passagem de ônibus, alimentação, e hotel. As coisas pioravam a cada dia.
E eu ainda sem um lar, sem emprego, sem perspectiva de vida, com um filho pequeno e um marido preso (meu Deus será que esse é o fundo do poço?).
Comecei a fazer imãs de geladeira pra juntar dinheiro e assim poder comprar a passagem para ir vizita-lo, não pensava no meu filho nem se quer em mim mesma, só conseguia pensar nele, em ter o bendito dinheiro da passagem, ai começa uma nova jornada em minha vida, o ônibus era de excursão (sim as famosas excurções... os famosos ônibus de familiares de presos que tanto já ouvimos falar de assidentes em noticiários na tv), mas eu tinha que me arriscar assim mesmo, pois a passagem do ônibus convencional era o dobro do valor.
Os ônibus partiam de uma praça em frente ao terminal rodoviário da barra funda em Sp, dalí saem ônibus para todas as penitênciárias do interior, (imaginem a confusão, eu ainda não tinha noção do que era aquilo ali, parace mais com um sub-mundo sei lá), eu nunca havia visto nada igual, tanta mulher "malandrona", tanta gíria, tantas sacolas de "jumbo" (é assim que é chamado os alimentos que essas mulheres "inclusive eu" levam para seus companheiros), no começo tudo era muito assustador, pois eu já tinha ouvido falar muito mau dessas "mulheres de preso" e agora eu estava ali no meio delas (ou melhor agora eu era uma delas), eu tinha medo até de olhar pro lado e uma delas não ir com a minha cara, mas com o passar do tempo eu fui aprendendo a conviver com isso, e também fui conhecendo um lado que eu não imaginava que existia, o lado companheiro e amigo que muitas dessas mulheres tem, é uma união em meio ao sofrimento, muitas ali já estavam nessa vida a mais de 10 anos, ou por diversas vezes. É claro que tinha também pessoas muito ruins nesse meio, e é dessas pessoas que vem a tal mau-fama. Como eu era marinheira de primeira viajem, estava totalmente perdida e como eu já disse que há uma certa união entre elas, já logo uma apareceu para me dar alguns toques, perguntou se era a minha primeira vez e eu respondi quem sim, então ela me disse: - Tome muito cuidado com as suas coisas tanto no ônibus quanto no hotel, pois tem certas mulheres aqui que carregam drogas e se acontece de a polícia nos parar elas costumam jogar os seus "B.O." nas coisas dos outros. E eu que já estava com medo depois disso fiquei em "choque", o ônibus saiu de Sp era mais ou menos umas 11 horas da noite na sexta-feira, e eu fui a viajem inteira acordada morrendo de medo que algo acontecesse, no meio da estrada houve uma "blits" logo na minha primeira viajem, (os ônibus de mulher de preso já é visado pela polícia que sempre armam essas famosas blits a procura de contravenções "drogas, armas... etc") nunca pensei que fosse tão humilhante assim, os policiais nos tratam como se fossemos todas criminosas, policiais femininas que mais parecem "sapatonas" revistam uma por uma de nós, enquanto policiais reviram todas as nossas coisas e jogam tudo no asfalto, desde os alimentos até nossas calsinhas, (é tanta humilhação que nem dá para descrever tudo, essas blits costumam atrazar a viajem em duas horas ou mais, isso quando não acham nada, porque se alguma dessas mulheres "dispensão" droga dentro do ônibus ai ninguém é liberado pra seguir viajem em quanto não aparecer um culpado). Tive muito medo de alguém jogar algo em minhas coisas ou em meu banco, mas graças a Deus nada de pior aconteceu e seguimos viajem normalmente.


Quando chegamos lá na porta da penitênciária eu peguei a senha de n° trezentos e lá vai cacetada, nem me lembro ao certo, só lembro que eu entrei na visita já era mais de 2 horas da tarde, sendo que a visita começa as 8:00 da manhã, apesar da canseira o ambiênte lá era mais agradável "se é que pode se chamar de agradável" do que o do centro de detenção provisória na capital, pois os agentes penitenciarios do interior eram mais educados "humanos" e não nos tratavam como um lixo.
Quando eu finalmente o encontrei no pavilhão comecei a chorar sem parar, entramos para o "barraco" como são chamadas as celas, e mal pude matar a saudade já era hora de sair, mas estava feliz por saber que no outro dia iria vê-lo novamente, pois no interior as visitas eram aos sábados e domingos, então fui para o hotel e lá comenheci outras mulheres, essas que tinnham entrado muito primeiro que eu na visita pois tinham senhas baixas (e eu é claro queria uma senha baixa também e faria o que fosse preciso para consegui-la), então elas me disseram que dormião na fila da penitênciária e me chamaram pra ir também (naquela época eu não media sacrificios para estar ao lado dele, então lá foi eu durmir ao relento), e funcionou, realmente fui uma das primeiras da fila, entrei na visita era umas 8:30 mais ou menos e dessa vez pude aproveitar bem melhor, mas quando chegou a hora de ir embora bateu aquela tristeza de não poder leva-lo comigo, de não saber quando eu iria vê-lo novamente, sai da penitenciaria aos prantos, embarquei no ônibus rumo a minha dura realidade.




continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE VII

continuando...



Agora com um filho em minha vida, tudo começa a mudar... (mas ainda colocava o pai do meu filho em primeiro lugar em minha vida), uma semana depois que meu bebê nasceu, já estava eu lá na porta do centro de detenção esperando para entrar, nem o umbigo do bebê havia caido ainda (e eu já estava o levando para aquele lugar imundo para conhecer um pai que nem pensou nele quando cometeu todas as atrocidades, ele "o pai" se mostrava muito arrependido, mas na situação dele quem não estaria não é mesmo?), naquela época eu não enxergava nada em minha frente a não ser o pai do meu filho. Parecia ser o ar que eu respirava, estava céga com a minha própria vida.

Os dias foram passando vagarosamente, e isso era uma tortura para mim, tinha esperança que ele logo voltaria para casa e todo aquele pesadelo acabaria (em fim poderiamos ser uma familia de verdade), continuava a orar e acender velas todos os dias, era como um ritual para que Deus o troxesse de volta.


Ainda estava de dieta pelo nascimento de meu filho quando recebi a noticia que eu mais temia em minha vida "veio a condenação". Eu não esperava por aquilo, tinha fé que Deus iria traze-lo de volta para casa e meu bebê não iria crescer sem um pai. Meu mundo desabou naquele instante que recebi aquela maldita ligação (cinco anos e sete meses de prisão em regime fechado), toda a minha fé e esperança foi pelo ralo em segundos.

Entrei em depressão profunda, não tinha mais vontade de viver, já não orava mais e nem muito menos acendia velas, tive que entregar minha casa, pois era alugada e não teria como bancar aluguel, casa, filho sozinha por anos e ainda por cima sem emprego.

Ai começa a pior faze da minha vida, sem casa para morar, com um filho pequeno para criar, sem emprego... e o pior sem vontade de viver me tornei um peso nas costas dos outros. Não tive nenhum apoio de minha mãe e nem de meu pai, a minha única opção era correr atraz da familia do pai do meu filho, ai vieram também as humilhações.

De inicio fui morar na casa do meu sogro, (no começo sempre são rosas! mas é só passar uns dias para a realidade vir atona), ele e a mulher dele trabalhavam e saiam bem cedo de casa, eu por minha vez já que estava em casa cuidava dos afazeres domésticos "normal". Mas com o passar dos dias nada que eu fazia era o sulficiente (hoje eu sei que o meu maior erro foi não procurar algo para o meu próprio sustento "trabalho", para minha indepêndencia... reconheço que eu era um pêso na vida de todo mundo, mas naquela época eu não tinha força para dar a volta por cima), começaram ai as brigas e cobranças da parte da mulher do meu sogro. Cheguei a ir até a casa do meu pai chorando com meu filho nos braços implorando para que ele me ajudasse pois estava passando humilhações na casa dos outros (naquela época meu pai tinha uma casa que estava vazia e eu poderia me arranjar por lá), mas mesmo com as minhas lágrimas meu pai foi curto e grosso comigo "Não posso fazer nada, essa foi a vida que você escolheu" disse meu pai, e eu sai derramando lágrimas pelo asfalto e muito magoada com a atitude dele (mas hoje eu entendo ele, sei que eu o decepcionei demais, sei que ao negar a casa ele queria me dar uma lição, de uma certa maneira queria que eu acordasse para a realidade), não conseguia enxergar essa realidade, sentia muita pena de mim mesma (me achava a coitadinha), esse foi o meu pior erro, e mais uma vez iria aprender com o sofrimento.


continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE VI



Continuando...


Naquele dia cheguei em minha casa me sentindo um "lixo"... pela impotência daquele momento, por me sentir de mãos atadas, por não poder fazer nada para mudar aquela situação (logo eu que sempre fiz o que "deunatelha"... que sempre corri atraz do que eu achava certo, mesmo sendo errado, sem medir conseqüências), desta vez a minha única opção era esperar. Esperar por uma justiça humana que muitas vezes é falha, e dessa vez eu torcia pra que ela falhasse novamente, pois eu sabia que se ela fosse justa significaria o meu sofrimento maior, sei que ele teria contas a acertar e pagaria um preço alto pelos seus atos ilícitos, e talvez os mais prejudicados neste caso seria eu e o nosso filho, pois não fizemos nada e pagariamos junto por tudo aquilo.
Todos os dias no fim da noite, eu acendia uma vela e orava... pedia para que Deus colocasse sua mão sobre nossa pequena família e abençoasse, e com muitas lágrimas eu pedia pra que ele trouxesse meu marido de volta.
Mas os dias foram passando e a minha situação não era nada boa, estava grávida de quase 7 mêses e ainda não havia comprado nada para o bebê, sem contar que estava sem emprego e morava de aluguel. O mês logo passou, e com isso veio o aluguel (de onde eu tiraria dinheiro para paga-lo?) começaram ai as humilhações, fui atraz do pai dele pedir ajuda. Bom o primeiro mês foi fácil, ele me deu o dinheiro e eu paguei o aluguel. Mas não era só isso, ainda faltavam as coisas do bebê... Os dias foram passando, noites mau dormidas, solidão, insônia, velas, orações, e nada, (parecia que Deus tinha outros planos). Eu só conseguia pensar no dia de visita contava os dias para chegar logo o fim de semana para assim poder vê-lo.
À poucas semanas do nascimento de meu bebê, meu pai me deu uma boa quantia para que eu pudesse comprar o enxoval, (graças a Deus e ao meu pai, sem roupa o meu bebê não iria nascer), fui com a minha mãe na loja e comprei tudo (berço, colchão, banheira, mamadeira... etc... tudo mesmo... "azul é claro" para o meu muleque! ).
27 de Março de 2002, essa seria a minha última consulta do pré-natal (e eu nem imaginava, acreditem eu fui de moto, rsrs). Cheguei na consulta na hora certinha, mas eu era a útima da lista... (já dá pra imaginar que fiquei horas lá naquele postinho não é mesmo, infelizmente contar com a assistência de saúde pública não é nada fácil), quando o médico foi me examinar já era umas 18:00 horas... (daí veio a noticia que eu mais temia... o parto). O médico me examinou e me perguntou se eu me sentia bem, eu o respondi que sim, então ele disse: - Então vai até sua casa, arrume sua bolsa e pode ir para a maternidade porque o seu bebê nascerá hoje.
Eu tomei um susto, mas achei que ele estava brincando comigo, pois eu não estava sentindo nada, ao contrário, me sentia super bem. (mas ele realmente estava falando a verdade) Fui até a casa de meu pai e pedi para ele me levar até a maternidade, (estava bem tranqüila, sem dor alguma, e achava que quando chegasse lá o médico iria me mandar de volta pra casa e diria que ainda não está na hora do bebê nascer... e nem arrumei bolsa coisa nenhuma), liguei para minha mãe e disse que eu estava indo para a maternidade e pedi pra ela que lavasse as roupinhas do bebê e arrumasse tudo pra mim (até a minha mãe pensou que eu estava brincando), quando cheguei lá e me fizerão tirar a roupa e colocar aquela roupa estranha de hospital e etregarão meus pertences ao meu pai, (aí é que a fixa caiu). Fui para a sala de pré-parto, e meu pai teve que ir embora, fiquei sozinha e com um medo enormeeeeeeee (não só pela dor do parto que eu nunca tinha sentido antes mais já tinha ouvido muito a respeito, mas também pela transformação que a minha vida sofreria a partir daquele momento).
Entrei na sala de pré-parto mais ou menos umas 8:00 noite, uma enfermeira me colocou no sôro, (eu "ainda" estava bem tranqüila), As horas foram passando e eu via outras mulheres chegarem em trabalho de parto gritando igual loucas, e eu ali sem sentir nada (pensava... será que dói tanto assim? ou será que são umas escandalosas mesmo?). Passei a noite no sôro e nada dessa tal dor chegar, já estava com fome e com sede, mas a enfermeira não me deixava comer nada, (já estava de saco cheio de ficar ali naquela cama ouvindo gritos, mulheres entrando e saindo daquela sala e eu nadaaa). Eram quase seis horas da manhã, quando de repente... as benditas dores comessaram, (meu Deus do céééu... que dor absurdaaaa, agora chegou a minha vez de gritar). Mas isso durou pouco tempo "graças a Deus", fui para a mesa de parto e exatamente as 6:10 da manhã do dia 28 de março de 2002 nasce meu bebê, ainda me lembro da sensação maravilhosa que senti quando eu o vi pela primeira vez (nossa ele era lindooo... sei que toda mãe acha seu filho lindo, mesmo que tenha cara de joelho como todos dizem, mas o meu era lindo sim!), tão perfeitinho, e graças a Deus com uma saúde perfeita também. (seu nome? Gustavo! lindo nome também não é mesmo? rsrs).
Logo fui para o quarto, e maternidade pública é assim que funciona "quem pariu seus matheus que balance", então eu que nunca tinha tido um filho antes tive que cuidar do meu sozinha no hospital, trocar, banhar, amamentar... etc (meu Deus do céu e ele num parava de choraaaaar... rsrs)
Chega a hora mais esperada na maternidade, a hora da visita... (ainda me emociono de lembrar daquele momento) na primeira visita quem veio foi minha mãe, eu estava feliz por ela estar ali, mas não conseguia desfarçar a tristeza de não poder contar com a visita da pessoa mais importante naquele momento (o pai de meu filho... o homem da minha vida), dividia o quarto com uma outra mãezinha de primeira viajem, e eu via o marido dela pegar seu filho no cólo com um brilho nos olhos, e tinha vontade de chorar por meu marido não estar ali comigo.
Fiquei na maternidade três looongos dias, horas que pareciam não passar nunca. Em fim chega o dia 30 e eu irei para casa após a visita. Meu pai chega para me levar embora, então fomos dar baixa nos papéis e pegar a minha tão esperada "alta". Dai a moça do balcão perguntou a meu pai: - O senhor é o pai?... se referindo ao bebê (sem perceber meu pai disse que sim) e depois é que ele concertou dizendo: - Sou pai dela ... (quando ela perguntou ele achou que ela estava falando de mim.. rsrs).
Fomos para casa (ai ai em fim em casa! já estava com saudade da minha casinha), de volta para a realidade, agora já não mais só... tenho um principe para me fazer companhia. É inesplicável a mudança que um filho proporciona em nossas vidas, é um amor incondicional, é o mais puro dos sentimentos. Hoje posso dizer que um filho é tudo na vida de uma pessoa!
No começo foi meio dificil de acostumar com a responsabilidade que um filho nos faz carregar, também fui "pararicada" (confesso que isso foi muito bom), minha mãe estava sempre lá em casa cuidando de mim, fazendo comida e me ajudando a cuidar do Gu.
Daí pra frente a minha vida foi ficando cada vez mais díficil, só que agora eu não estou só como antes, tenho meu filho... minha razão maior para lutar e vencer.
continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE V








Oiee gente... desculpem andei meia sumida eu sei, mas é que ultimamente ando sem tempo, mas é claro que não deixarei minha história sem um "fim", to postando agora a quinta parte e acho que essa é a penúltima, espero postar o final o mais rápido okay... beijinhos ~*






Continuando...



Voltei pra SP com a intenção de recomeçar minha vida de onde parei (pensei que isso seria possível, mas estava enganada mais uma vez), voltei a morar na casa de minha mãe. Mas nada era como antes, pois é claro que depois de tudo que eu havia feito agora teria que sofrer as conseqüências. Minha mãe não confiava mais em mim (com toda razão). Tinha que arrumar um emprego e poder me redimir, mas eu não estava nem um pouco interessada nisso (queria minha vida mansa de antes... não sei como eu pude ser tão irresponsável), estava com os meus 18 anos, não queria saber de nada com a vida, não trabalhava, não terminei o colégio, e se achava dona de meu nariz só porque tinha passado a maioridade.


Infelizmente, a vida ainda não tinha me ensinado a viver (dificil de acreditar nisso não é mesmo? depois de tudo que eu havia passado, não ter aprendido a lição), passaram 30 dias que eu tinha voltado, ele veio atráz de mim. Resolveu os problemas que ele havia deixado por aqui (problemas esses que foram o motivo de sua "fuga" para o PR), e veio até a minha casa pedir pra voltar-mos, e minha mãe ao ver minha falta de interesse pela minha vida, deu o maior apoio a ele... (talvez quizesse se livrar deste problema chamado "Gisa"), sei que ela sempre quiz o meu bem, e ela tinha visto que ele estava realmente mudado.


Então acabamos voltando, só que ao voltar pra SP ele também reencontrou seus velhos amigos (foi ai que o pesadelo recomeçou também), e aquele cara que tinha se tornado um homem responsável, de bem, um ótimo marido... desapareceu (acho que ficou lá no PR onde eu o deixei), tudo voltou a ser como era antes de ir-mos embora, ele só queria saber de seus "amigos". Voltou a fazer coisas erradas "ilicítas", e já não tinha mais tempo pra mim, estavamos juntos mas em casas separadas, eu na casa de minha mãe e ele na do pai dele.


Ai foi que o inesperado aconteceu... fiquei grávida (por quê? Por quê logo agora meu Deus? agora que eu não tenho mais minha casa, nem meu marido perfeito, tive 2 anos tranqüilos no PR... Por quê isso foi acontecer logo agora e não antes?), fiquei desnortiada, grávida, sem emprego, sem casa, e o pior o pai dessa criança tinha se tornado um traste outra vez. Ele não queria nem saber de mim ou da criança que eu estava esperando, sumia no mundo e eu sem saber por onde ele andava, tive uma gravidez muito dificil, passava muito mal, desmaiava por problemas de pressão, quase não comia, já estava de 5 mêses de gravidez e nem se quer tinha ido ao médico ainda, comecei o pré-natal com quase 6 mêses de gravidez, não me preocupava nem um pouco com essa criança que carregava dentro de mim (cheguei a pensar que se ouvesse algum problema na gravidez e eu perdesse meu filho seria muito melhor pra mim).


De tanto minha mãe ficar no pé dele, ele finalmente alugou uma casa pra gente morarmos, comprou alguns móveis (os mais necessários, geladeira, fogão, armário... o resto improvisei como pude, ganhei uma cama usada com colchão), não era grande coisa, mas já era o primeiro passo, pelo menos agora tinhamos nosso próprio canto. Mas a casa só servia pra ele me deixar sozinha, não se preocupava nem um pouco com o bebê, passava o tempo todo jogada, ele saia logo cedo com os amigos, as vezes colocava até o relógio pra despertar.


18 de dezembro de 2001, era muito cedo quando ele saiu de casa e me deixou durmindo, umas 2 horas depois que ele havia saido, acordei com a polícia batendo em meu portão (meu coração disparou, comecei a tremer... sabia que tinha acontecido algo de muito ruim), fui até o portão para atendede-los, quando cheguei ao portão eles me perguntarão se eu era a esposa de fulano de tal (disserão o nome do meu marido), eu respondi que sim, ai eles disserão que ele havia sido preso e como estava sem nenhum documento deu o endereço para a polícia ir buscar. Eles entraram em minha casa, reviraram tudo a procura de algo que o prejudicasse mais ainda, mas graças a Deus na minha casa não tinha nada (eu jamais permitiria coisas ilicitas em minha casa), eles pegaram os documentos dele e foram pro DP, eu perguntei onde ele estava detido e com uns amigos dele que moravam no mesmo quintal fomos atráz do advogado dele e seguimos pro DP. Eu com uma barriga enorme de 6 mêses de gravidez passei o dia inteiro na porta do DP esperando por notícias, achando que o advogado iria resolver alguma coisa. No fim da tarde o advogado me disse pra ir em casa pegar algumas coisas pra ele (toalha, chinelo, creme dental, escova... etc), busquei tudo e continuei a esperar na porta do DP, quando passou uma delegada ou assistente, não sei bem o que ela era e me disse: "Vai pra sua casa garota, olha essa barriga, você não pensa nessa criança, deveria pensar, essa criança sim merece o seu cuidado e não esse ai que esta lá dentro detido, pois ele já é bem grandinho pra saber que o que estava fazendo era errado". Fiquei xocada com o jeito que ela me tratou (mas isso era a mais pura realidade, e estava sendo só o começo), mas mesmo assim continuei a esperar, tanto emplorei para o advogado que ele conseguiu que eu entrasse para falar com o meu marido, quando entrei na sala e vi ele daquele jeito "algemado" me senti da mesma forma, pois era como se eu estivesse algemada também, queria poder fazer algo para o tirar dali mas não podia. Comecei a chorar, o abracei, e perguntei "E agora o que vai ser de mim e do nosso filho?", dava pra ver o arrependimento estampado em seu rosto. Eu o entreguei as coisas que havia buscado em casa e o delegado pediu pra eu me retirar, sai e continuei na porta do DP até o momento em que ele saiu escoltado e algemado para a seccional, onde passaria a noite pra depois ser internado no CDP pra aguardar julgamento. Fui pra casa arrazada, pois não havia nada que eu pudesse fazer.


Os dias foram passando, e o "advogado dos inferno" me dava esperança que o tiraria o mais rápido possível de lá, todas as noites eu acendia uma vela e orava pra Deus pedindo que trouxesse ele de volta, me sentia completamente sozinha, não tive nenhum apoio de minha família, tinha um bebê em minha barriga que estava prestes a nascer e nem ao menos tinha comprado um pacote de fraldas, não me cuidava, estava com quase 7 mêses de gravidez e meu bebê pesava apenas 700gramas. Fiz o primeiro ultrason e descobri que meu bebê era um menino, um menino que tanto queriamos e agora eu nem podia contar a ele isso, a maioria na sala de espera eram casais, e eu estava ali sozinha como se meu filho não tivesse pai.


Passaram uma semana desde que ele foi preso, era semana do natal e eu pude ir visita-lo no CDP, a fila na porta era imensa por causa do natal, me lembro como se fosse hoje, estava eu e minha sogra, passamos mais de 5 horas na fila, era tudo muito estranho pra mim, outra realidade, era como um sub-mundo, as mulheres na fila abrindo as embalagens (bolachas, salgadinhos, leite em pó, até os pacotinhos de suco), e colocando em saquinhos transparêntes, foi ai que descobrimos que se não fizessemos igual tudo o que compramos pra ele não entraria. Sem contar que a mulher que estava em nossa frente na fila percebeu que era a nossa primeira vez e me alertou "Mocinha do jeito que vocês estão vestidas também não vão poder entrar", (eu fiquei abismada, estava vestida normalmente, com calsa de tecido confortável (pois estava grávida), blusa e tênis.


Ela disse:
- de tênis não entra, só chinelo, e de calsa jeans também não.
(pois minha sogra estava de calsa jeans) dai eu perguntei como iriamos fazer

Ela disse:
- vai lá em cima na rua, tem uma senhora que aluga roupa e chinelos.
(meu Deus do céu, isso é o cúmulo do absurdo... mas fazer o que né, era isso ou nada)

Eu causei o chinelo que tinhamos comprado pra ele, já a minha sogra teve mesmo que alugar um chinelo e uma saia também. Depois de mais de cinco horas na fila, chega a nossa vez, eu nem imaginava como seria daquela porta pra dentro (que lugar imundo, um cheiro horrorozo de comida azeda, me embrulhou o estômago na hora), lá dentro havia outra fila, entregamos os documentos e guardamos a bolça com brincos, anéis, aliança... nada disso entrava. Pegamos mais uma fila, desta vez pra revistar os alimentos que trouxemos pra ele (estava tudo tão arrumadinho, tudo organizado e o agente penitenciário revirou tudo, colocou sabão em pó junto com os alimentos, vez tudo parecer nojento), logo depois chegou a hora da revista em nossa roupa, entramos em um cubículo onde ficam as agentes femininas para sermos revistadas rar (eu achava que ela só iria me revistar passando a mão ou um detector de metais, como numa revista comum, mas isso só acontece na novela mesmo, tive que tirar minha roupa toda e ainda ficar agachando na frente dela, isso foi muito humilhante, senti tanta vergonha que nem olhei na cara dela), depois de tudo isso finalmente entramos em direção ao pavilhão onde ele estava, ao chegar no ultimo portão demos de cara com o pátio lotado de presos e visitas, ele logo nos viu e veio em nossa direção, quando eu o vi quase não o reconheci, estava com a cabeça raspada, uma roupa estranha, logo meus olhos se encherão de lágrimas, ele veio e me abraçou e começamos a chorar juntos.
Eu logo disse a ele: - Nosso bebê é um menino, nosso muleque como queriamos, ele abriu um sorriso de ficou sem palavras. Entramos para o "barraco" (é assim que eles lá dentro chamam as celas), na verdade é um cômodo com camas de concreto de 3 "andares" no total de 12 camas todas fechadas com lençol só pra manter uma certa "privacidade"). Ficamos lá por pouco tempo, pois a demora foi tanta para entrarmos que logo chegou o fim da visita. Deixa-lo lá e ver aqueles portões se fecharem em nossas costas foi horrível (é indescrítivel o terrível som das grades batendo a cada portão que se fecha). Sai de lá tremendamente arrazada, amargas lembranças que infelizmente será quase impossível de esquecer.


continua...

(auto-biografia) entre parênteses PARTE IV

... continuando




Depois de mais ou menos 8hrs de viajem (tranqüila, totalmente diferente da anterior), chegamos ao Paraná, mais exatamente em Londrina.. (meu Deus que cidade linda, tipo primeiro mundo, tudo lá era mais evoluido do que SP).
No começo ficamos alguns mêses na casa da mãe dele, até que ele ou eu arrumassemos um sustento próprio (imaginem que não foi nada fácil pra mim morar com a sogra né). Logo ele conseguiu um emprego em um restaurante, já eu não conseguia nada pois tinha 16 anos e nenhuma experiência. A mãe dele alugou outra casa, e essa tinha uma casinha de 3 cômodos nos fundos (finalmente nosso próprio cantinho), começamos a montar nossa casinha aos poucos.

Algum tempo depois ele arrumou um emprego melhor em um grande supermercado da região que estava inaugurando bem próximo de nossa casa. Ele agora tinha um bom emprego, estava sendo um ótimo marido, tinha boas amizades (bem diferente de antes). Ele chegava em casa sempre no horário certinho, eu sempre com a janta pronta, casa limpa, era uma esposa dedicada também. Tudo estava perfeito, a não ser pela saudade de minha familia que assolava meu coração, nos mudamos novamente, agora para uma casinha só nossa. Ele saia para trabalhar e eu ficava sozinha em casa, e cada vez mais eu sentia falta da minha familia (talvez eu estivesse assim por não ter procurado algo para me ocupar, não tinha amigas, e o amor dele... a vida que tanto eu sonhei, tanto lutei pra conquistar já não estava sendo o sulficiente pra mim). Me sentia triste, e ele percebia isso e tentava de tudo pra me fazer feliz, me completar, mas era em vão, (talvez tudo estivesse perfeito demais, talvez eu estivesse procurando defeitos onde não existiam, ou talvez a rotina estivesse acabando com tudo).


Dois anos se passaram, agora eu já com os meus 18 anos, comecei a me questionar se era realmente essa a vida que eu queria pra mim, vivia arrumando motivos em minha cabeça pra querer voltar, muitas vezes brigava com ele sem motivos. Ele sabia que estava sentindo falta de minha família, mas pra ele era impossível voltar pra SP.
Então ele comprou uma passagem pra eu ir visitar meus pais, e ficou sozinho pois não pode me acompanhar por causa de seu trabalho. Passei uma semana em SP, e quando voltei para o PR, vim decidida a acabar tudo com ele e voltar de vez pra SP, ao chegar em casa encontrei um lindo bouquet de rosas que ele havia deixado lá pra mim com um cartão todo romântico cheio de saudades, minha mente ficava cada vez mais confusa (nem eu mesma conseguia me entender, eu havia conquistado com muita luta e sofrimento a vida que eu tanto sonhei, agora que a bagunça estava tudo em ordem, eu queria virar tudo de cabeça pra baixo de novo). Mas na minha cabeça eu estava certa de que queria voltar e nada nem ninguém me faria mudar de idéia.

Começaram as brigas (todas por minha culpa é claro), como diz o ditado eu ficava "procurando pelo em ovo", tudo pra mim era motivo de briga, sei que o magoei demais quando ele não merecia, mas fiz de tudo para me separar dele. Até que chegou a gota d'agua, e ele me disse "se é isso mesmo o que vc quer... então vá" e me deu o dinheiro da passagem, (e eu sem pensar em nada arrumei minhas coisas e corri pra rodoviária). Enquanto eu esperava o horário de partida do ônibus na rodoviária ele chegou, com a esperança que eu mudasse de idéia no último minuto, me entregou uma foto de nós dois abraçados com algumas escritas na parte de traz, (meus Deus... dava pra ver o desespero nos olhos dele, quando me lembro dessa cena sinto um enorme aperto em meu peito... meu Deus onde eu estava com a cabeça? Fui tão fria, só consegui pensar em mim mesma, achei que aquilo era realmente o que eu queria, e estava enganada mais uma vez).

Peguei a foto das mãos dele e embarquei no ônibus (em mais uma despadida triste em rodoviária, mas desta vez foi o contrário), o ônibus partiu e eu o deixei chorando na rodoviária.





continua...


Olá, galeraa passei rapidinho só pra dexa uma ótima páscoa a todos meus amigos blogeiros!!
ah! semana que vez eu posto a próxima parte da (auto-biografia) entre parênteses..

beijos ~*

(auto-biografia) entre parênteses PARTE III



continuando...

A viajem foi ilária... imaginem um ônibus cheio de cearences seguindo por três longos dias de São Paulo ao Ceará. Nem preciso dizer que foi uma comédia não é mesmo? Na hora em que o buzão saiu da rodoviária do Tiête em São Paulo, nada parecia anormal, só ouvia um povo falando meio arrastado "ochentiii" rsrs... Mas bastou algumas horas pra que tudo virasse uma bagunça só. Era um que falava absurdos de um lado, outros de outro, e gargalhadas e mais gargalhadas, parecia que eu estava dentro de um programa humorístico da tv. E quando a fome começou a apertar o estômago, foi literalmente aquela farofada, acreditem a maioria tinha em suas bolças uma lata (tipo aquelas de "neston" sabe?) cheia de farofa com galinha, aquilo era natural para eles, mas um tanto engraçado pra mim, e vocês num tem noção do cheiro maravilhoso que ezalava dentro do ônibus, e eu marinheira de primeira viajem num tinha nem se quer um salgadinho pra enganar a fome, e a cada kilometro a fome apertava ainda mais e nada de chegar a bendita parada, e eu que já estava verde de fome comecei a chamar a atenção do meu visinho de poltrona, e adivinhem... ele tbm tinha uma daquelas tals latas, quando ele tirou da bolsa pra comer eu tinha certeza que ele iria me oferecer, (então eu só tinha que ficar olhando pra ele neh, rsrs...), de tanto eu olhar ele disse as palavras que eu tanto precisava ouvir... "TU QUÉ UM POQUIM BICHINHA?" (dai eu logo respondi que sim né), dai ele me disse: "TU NUM SE AVECHE PURQUE EU SÓ TENHO ESSA CUIÉ AQUI, SE TU NUM TIVE NOJO PODE CUME AI"... Ahh é claro que eu num fiz nenhuma cerimônia (destrocei a galinha com a mão e é claro comi a farofa com a CUIÉ, rsrs) meu Deus como tava bão... ou sei lá, estava com fome mesmo... Depois de uma noite inteira de estrada, finalmente a paradaaaa, já é de manhã, primeira parada RJ, nossa que alívio poder esticar as canelas um pouquinho, bora pro banheiro "ahhh que alívio"(café da manhã: uma coxinha e um café com leite, écoo só de pensa já me embrulha o estômago). 20 minutos e bora pra estrada de novo (550 km, 550km, para um pouquinho, descança um pouquinho, 550 km... rsrs).






Bom depois de três dias de viajem e farofadas a parte, finalmente desembarquei no Ceará, exatamente na cidade de Crato (sertão semi-árido do nordeste), o lugar era HORRÍVEL, (um sol de racha mamona), desembarquei do ônibus meia "lezada", totalmente perdida, olho pra um lado... nada, olho pro outro... nada tbm. Daí um moço percebe que estou meia perdida (pois pensava que o meu amor estaria lá a me esperar) e pergunta "Tu ki é Gisa?" respondo que sim, então ele diz "pois sim, eu vim lhe busca, aquele fiiidiégua do seu namorado é meu primo". (pensei que ele estaria lá me esperando mas me enganei), mas tudo bem subi na moto rumo a casa da tia dele onde ele estava me esperando. Quando eu o avistei, meu coração disparou, inesplicável a emoção que eu senti naquele momento. Ficamos por lá uns dois meses mais ou menos, e acreditem nem tudo foram flores como meu coração "abestado" imaginava.

(Por que será que fazemos tantas idiotísses por amor? Hoje eu vejo o mundo com outros olhos, e o amor tbm... mas até chegar a essa visão que tenho hoje "pastei muito"... Haverão muitas linhas ainda a serem escritas.) Tivemos momentos bons é claro, (mas os ruins me fizeram decidir que jamais voltaria lá).

24 de dezembro de 1999, é véspera de natal, senti uma enorme dor em meu peito por estar longe de minha família, deu meia noite e eu liguei pra meu pai, para lhe desejar um feliz natal, e logo em seguida liguei na casa de minha mãe (pois meus pais são separados), quem atendeu foi minha irmã, comecei a conversar com ela, dizer que estava com saudades e tal... dai ouvi minha mãe gritar ao fundo: "fala pra essa infeliz não ligar mais aqui em casa, e que eu num quero vê-la nem pintada de ouro". Fiquei triste por ouvir aquilo de minha mãe, mas eu a compriendi, pois eu havia a decepcionado muito, hoje sei que ela só queria o meu bem e que não concordava com o rumo que eu estava dando pra minha vida.
Nesse meio tempo em que ficamos por lá, a mãe dele tratou de se mudar para outro estado, se estabilizou para que pudessemos viver em paz, longe de SP (já que pra lá ele não poderia voltar por estar jurado de morte). Dai então saimos do Ceará rumo ao Paraná, mas como não tinha ônibus direto, passariamos em SP primeiro, pra depois seguir para o PR.
Quando chegamos em SP, fomos direto pra casa de meu pai, nossa só de lembrar do reencontro com meu pai já tenho vontade de chorar... (eu o abracei tão forte, e me derramei em lágrimas, pois tinha sentido tanta falta dele... e pela primeira vez em quinze anos de vida eu disse ao meu pai: "EU TE AMO PAI").
Ficamos em SP apenas dois dias, escondidos como se fossemos fugitivos da lei. Tive vontade de ver minha mãe, mas não tive coragem de procura-la. E ela só ficou sabendo que eu estava em SP porque minha irmã contou a ela, e me surpriendeu com uma ligação dizendo: "Filha vem aqui em casa, a mãe está com saudades de você" (eu nem coseguia acredita que aquela era a mesma mãe que à um mês atráz havia dito que não queria me ver nem pintada de ouro). Fui até a casa dela, e fizemos as pazes... aquilo foi um tremendo alívio pra mim.
As horas passaram de pressa e logo chegou mais um momento de depedida em rodoviária. Embarcamos rumo ao Paraná.


continua...

(auto-biografia) entre parênteses PARTE II

...continuação do post anterior




Descobri que ele estava me traindo com uma garota bem mais velha que eu (aquelas do tipo fácil saka?) naquela época eu num passava de uma virgenzinha ingênua e ele não foi capaz de esperar a minha hora certa, prefiriu arrumar uma mais fácil. Nossa aquilo foi o fim pra mim, minha primeira desilusão, e como doeu viu.. parecia que meu mundo havia se acabado (um amigo dele que na verdade era apaixonado por mim que me contou tudo).


Fiquei muito mal... terminei o namoro, mas não tive pulso forte e acabei voltando. Eu o perdoei mas dai esquecer é uma outra história (impossível né), nunca conheci ninguém capaz de tal proeza.


O tempo foi passando, as coisas já não eram mil maravilhas como antes, mas mesmo assim eu era louca por ele, uma obseção eu acho. Era feliz e ao mesmo tempo angustiante.


Com o passar dos dias fui descobrindo que ele não era a pessoa certa pra mim (mas isso eu prefiria não enxergar), lutava pra ficar ao seu lado, não ouvia os conselhos de minha mãe, chegava até a ficar revoltada quando ela vinha me aconselhar.


Ele que já tava longe de ser o genro que todo pai sonha pra uma filha, começou a se especializar no assunto de ser o vilão do meu conto de fadas de merda.


Ele era uma pessoa muito influênciavel (daquele que é Deus no céu e seus amigos na terra), e por causa desses tals "amigos" começou a cometer atos ilícitos, e foi dai pra pior.


Já não tinha tempo mais pra mim, só pensava em vagabundiar pelas ruas fazendo coisas erradas com os malditos amigos. Até que um dia algo deu errado e um desses tal amigos foi baleado e preso, e foi ai que o pesadelo começou. Pois ele teve que ir embora daqui, porque a familia desse amigo tbm não era "florquesecheire" estava o ameaçando de morte.


Ainda me lembro dele na rodoviaria, nossa naquele momento parecia que o meu mundo tava desmoronando sobre minha cabeça, estava ali eu me despidindo do amor da minha vida, sem ao menos imaginar o que seria dela a partir daquele momento. Parecia que era o fim de tudo... mas não foi bem assim, minha persistência e teimosia não deixou que tudo acabasse assim. Sem ele aqui minha vida se tornou um verdadeiro "estadodecoma". Já não frequentava as aulas, já não conseguia viver amigávelmente com minha mãe, pois o meu único propósito era ir atráz dele onde ele estivesse... não coseguia pensar em mais nada. Tantas foram as brigas com minha mãe, que já não aguentava ficar dentro da mesma casa com ela, durmia pela casa dos outros e já não voltava mais pra casa (parecia uma almapenada).


Até que tomei a seguinte decisão... (iria atráz do meu amor, onde ele estivesse, custe o que custar). Ele havia ido para o nordeste, isso me custou R$ 160,00 (esse era o valor da passagem naquela época, rsrs... dinheiro que eu consegui vendendo o meu aparelho de CD, e acreditem o dinheiro só deu pra passagem, não sei como eu viajaria 3 dias dentro de um ônibus sem comer ou usar banheiro, pois até pra usar o banheiro na parada de ônibus tem que pagar) coitado do meu pai, mesmo não concordando com o rumo que eu estava traçando pra minha vida, mais uma vez ele fez a minha vontade, me levou a rodoviaria e ainda me deu um dinheiro a mais pras despesas, (enquanto minha mãe dizia que eu iria quebra a cara, e eu é claro debatia do outro lado "deixa eu quebrar a cara é minha"), embarquei no ônibus e deixei pra traz minha família, amigos... enfim deixei minha vida toda pra traz, ainda lembro do olhar de meu pai na rodoviária (parece que despedidas tristes em rodoviárias perseguem minha vida, e acreditem essa não foi a última).








continua...

(auto-biografia) entre parênteses PARTE I

"Sempre fui uma romântica desvairada, daquelas deslumbradas que deixa o coração tomar conta da razão e sai por ai cometendo loucuras desmedidas por um grande amor"
BOM dizendo assim até parece que já tive vários amores né? rsrs.. mas a história não é bem assim. Na verdade mesmo só tive um GRANDE AMOR, um primeiro e único GRANDE AMOR e que foi o sulficiente para fazer um GRANDE ESTRAGO!!



Bem.. tudo começou no fim de 1998 (nossasenhoraaa.. século passado)... Tinha apenas quinze anos quando eu o conheci. No primeiro momento eu o odiava (acredite não foi amor a primeira vista, nem a segunda tbm). Eu o achava muito mala, ele adorava fikar na porta do colégio onde eu estudava, todos os dias ele estava por lá, fazendo bagunça de moto (empinando e se amostrando pras maria gasolina) "aiii como eu não o suportava".

Já eu naquela época fazia o estilo filhinha de papai (timida e idiota, pensava que tinha o rei na barriga). Era popular só porque tinha uma scooter (naquela época era só pra quem podia sakas?) e a usava pra ir ao colégio todos os dias, tinha poucos amigos, não porque era metida.. mas sim por ser timida d+ pra fazer amizades.

Ele começou a se aproximar de mim, mas e fugia dele como o diabo da cruz, pois eu não suportava o seu jeito de playboy barato, ele fazia o maior susseço na porta do colégio (com as favelada né.. mas comigo não bem!!) Mas como dizem aqueles ditados populares q o amor e o ódio caminham "ladoalado" já dá até pra imaginar o que aconteceu não é mesmo?

Ele tanto insistiu que eu resolvi lhe dar a tal chance.

Carakas.. bastou apenas uma semana pra eu estar completamente apaixonada por ele, e foi ai q o estrago começou. Já não conseguia imaginar minha vida sem ele, cada minuto parecia uma eternidade quando ele não estava ao meu lado (aff toda aquela babaquice de começo de namoro), nos encontravamos todos os dias e a vida da tal filhinha de papai "timida" que era tão certinha "xata" começou a mudar de rumo, já não estudava mais direito, só conseguia pensar nele solto na porta do colégio (se amostrando pras maria gasolina.. aff.. e olha que ele nem era bonito, mas elas caia matando em cima, e ele que num era nada bobo amava mais que lazzanha), foi ai que eu comecei a cabular as aulas... Já ele estava bem longe de ser o genro que meu pai pediu a Deus, e meu pai fazia questão de deixar isso bem claro.

E a cada dia aquela paixão avaçaladora tomava meu coração e a minha vida que era um tanto certinha e xata tomara um novo rumo. Agora já tinha muitos amigos embora ainda fosse um tanto timida. Saiamos muito, praticamente a semana toda e eu já não tinha mais tempo pra frequentar as aulas, tivemos inumeros momentos inesqueciveis juntos.

Mas o desejo de estar sempre ao seu lado me fez cometer o pior dos erros, deixei de viver a minha propria vida pra viver a dele. Vivia em função única e exclusivamente dele e o pior... não tinha reciprocidade.

Dai veio a tal da insegurança, e aquela garota que era tão cheia de si mesma, que se achava a tal, já não existia mais, ela deu lugar a outra bem inferior, um tanto destrambelhada e ciumenta, e sem vida própria se tornou uma ''pedra no sapato" dai já viu né... quem fika no pé dos outros acaba sendo pisada.

Saia da colégio e ele já não me esperava mais como antes, eu é que ficava plantada o esperando com a pulga atráz da orelha tentando imaginar por onde ele andava, e muitas vezes sai a sua procura, e descobri que o ditado "quem procura acha" realmente faz muito sentido... MEUDEUSDUCÉU foi ai que veio a primeira decepção.





continua...

"As razões que o amor desconhece"



" é realmente o amor é um eterno mundo desconhecido, onde quanto mais se tem.. menos se conhece " mas intende-lo pra quê ? Ele é como o vento.. não posso ver.. mas posso sentir!!
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem,
caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes
teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.
O amor não é chegado em fazer contas, não obedece à
razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por
conjunção estrelar.Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelocheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento
que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam,
pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela
petulante.Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores
que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você
gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela
detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela
tem um jeito de sorrir que o deixa mobilizado, o beijo dela é mais
viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicarcom você.Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga,
ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca
uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não
tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não
consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete
feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve
poemas.Por que você ama este cara? Não pergunte pra mim! Você é
inteligente, lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos
Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também
tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num
comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar.É
Independente, tem emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar,
de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é
imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo.
Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas
uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois
apaixonados. Não funciona assim.Amar não requer conhecimento prévio
nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de
indefinível.Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas,
bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é!




(autora: Martha Medeiros)