(auto biografia) entre parentêses PARTE VIII

continuando...


Com a condenação veio também a transferência para o presídio no interior de Sp, pois não há mais presídios na capital, agora para visita-lo eu teria que viajar mais de oito horas, sem contar a dispesa com passagem de ônibus, alimentação, e hotel. As coisas pioravam a cada dia.
E eu ainda sem um lar, sem emprego, sem perspectiva de vida, com um filho pequeno e um marido preso (meu Deus será que esse é o fundo do poço?).
Comecei a fazer imãs de geladeira pra juntar dinheiro e assim poder comprar a passagem para ir vizita-lo, não pensava no meu filho nem se quer em mim mesma, só conseguia pensar nele, em ter o bendito dinheiro da passagem, ai começa uma nova jornada em minha vida, o ônibus era de excursão (sim as famosas excurções... os famosos ônibus de familiares de presos que tanto já ouvimos falar de assidentes em noticiários na tv), mas eu tinha que me arriscar assim mesmo, pois a passagem do ônibus convencional era o dobro do valor.
Os ônibus partiam de uma praça em frente ao terminal rodoviário da barra funda em Sp, dalí saem ônibus para todas as penitênciárias do interior, (imaginem a confusão, eu ainda não tinha noção do que era aquilo ali, parace mais com um sub-mundo sei lá), eu nunca havia visto nada igual, tanta mulher "malandrona", tanta gíria, tantas sacolas de "jumbo" (é assim que é chamado os alimentos que essas mulheres "inclusive eu" levam para seus companheiros), no começo tudo era muito assustador, pois eu já tinha ouvido falar muito mau dessas "mulheres de preso" e agora eu estava ali no meio delas (ou melhor agora eu era uma delas), eu tinha medo até de olhar pro lado e uma delas não ir com a minha cara, mas com o passar do tempo eu fui aprendendo a conviver com isso, e também fui conhecendo um lado que eu não imaginava que existia, o lado companheiro e amigo que muitas dessas mulheres tem, é uma união em meio ao sofrimento, muitas ali já estavam nessa vida a mais de 10 anos, ou por diversas vezes. É claro que tinha também pessoas muito ruins nesse meio, e é dessas pessoas que vem a tal mau-fama. Como eu era marinheira de primeira viajem, estava totalmente perdida e como eu já disse que há uma certa união entre elas, já logo uma apareceu para me dar alguns toques, perguntou se era a minha primeira vez e eu respondi quem sim, então ela me disse: - Tome muito cuidado com as suas coisas tanto no ônibus quanto no hotel, pois tem certas mulheres aqui que carregam drogas e se acontece de a polícia nos parar elas costumam jogar os seus "B.O." nas coisas dos outros. E eu que já estava com medo depois disso fiquei em "choque", o ônibus saiu de Sp era mais ou menos umas 11 horas da noite na sexta-feira, e eu fui a viajem inteira acordada morrendo de medo que algo acontecesse, no meio da estrada houve uma "blits" logo na minha primeira viajem, (os ônibus de mulher de preso já é visado pela polícia que sempre armam essas famosas blits a procura de contravenções "drogas, armas... etc") nunca pensei que fosse tão humilhante assim, os policiais nos tratam como se fossemos todas criminosas, policiais femininas que mais parecem "sapatonas" revistam uma por uma de nós, enquanto policiais reviram todas as nossas coisas e jogam tudo no asfalto, desde os alimentos até nossas calsinhas, (é tanta humilhação que nem dá para descrever tudo, essas blits costumam atrazar a viajem em duas horas ou mais, isso quando não acham nada, porque se alguma dessas mulheres "dispensão" droga dentro do ônibus ai ninguém é liberado pra seguir viajem em quanto não aparecer um culpado). Tive muito medo de alguém jogar algo em minhas coisas ou em meu banco, mas graças a Deus nada de pior aconteceu e seguimos viajem normalmente.


Quando chegamos lá na porta da penitênciária eu peguei a senha de n° trezentos e lá vai cacetada, nem me lembro ao certo, só lembro que eu entrei na visita já era mais de 2 horas da tarde, sendo que a visita começa as 8:00 da manhã, apesar da canseira o ambiênte lá era mais agradável "se é que pode se chamar de agradável" do que o do centro de detenção provisória na capital, pois os agentes penitenciarios do interior eram mais educados "humanos" e não nos tratavam como um lixo.
Quando eu finalmente o encontrei no pavilhão comecei a chorar sem parar, entramos para o "barraco" como são chamadas as celas, e mal pude matar a saudade já era hora de sair, mas estava feliz por saber que no outro dia iria vê-lo novamente, pois no interior as visitas eram aos sábados e domingos, então fui para o hotel e lá comenheci outras mulheres, essas que tinnham entrado muito primeiro que eu na visita pois tinham senhas baixas (e eu é claro queria uma senha baixa também e faria o que fosse preciso para consegui-la), então elas me disseram que dormião na fila da penitênciária e me chamaram pra ir também (naquela época eu não media sacrificios para estar ao lado dele, então lá foi eu durmir ao relento), e funcionou, realmente fui uma das primeiras da fila, entrei na visita era umas 8:30 mais ou menos e dessa vez pude aproveitar bem melhor, mas quando chegou a hora de ir embora bateu aquela tristeza de não poder leva-lo comigo, de não saber quando eu iria vê-lo novamente, sai da penitenciaria aos prantos, embarquei no ônibus rumo a minha dura realidade.




continua...

3 Comments:

Candy said...

Giii, sumi, mas to de volta.
Já li tudinhooo!
Agora quero saber da continuaçããão, assim vc me mata de ansiedade!
hehehe

e que barra!
e onde ficava seu filho enquanto vc estava no interior?!

Boa semana
;***

Anônimo said...

Nossa q absurdo, realmente já ouvi muito falar desses ônibus, acho isso uma total falta de humanidade, não tenho nem nunca tive algum parente preso mas acho q o governo deveria dar algum tipo de assistencia a essas familias.
Realmente vc esta sendo uma guerreira espero q essa biografia tenha um final feliz, pois vc merece viu gisa

bjo^^

\ Linenha.♥ said...

inhaa amoor ;)
a maais perfeiita ..

vamoo fundaaar sim ;)
uhul ;)
teeeeeeee amooooo!