(auto biografia) entre parentêses PARTE XIV

Continuando...

Minha vida se resumia a uma semana vazia e um fim de semana cheio de ilusão, sempre ficava na expectativa de que a próxima visita seria melhor (achava que o erro estava em mim, com isso procurava sempre dar o meu melhor), mas quando chegava a visita, por mais que eu tivesse me esforçado para ser melhor, era a mesma coisa, a mesma rotina de sempre.
Isso me frustrava cada vez mais, sempre achava que eu não estava sendo boa o suficiente para ele (vivia me indagando... Onde estou errando meu Deus? E a resposta estava clara "bem na minha cara" e eu não a enxergava).
Com certeza o erro estava mesmo em mim, estava na minha maneira de pensar, em me achar insuficiente. Se eu mesma não conseguia enxergar meu potencial, quem o enxergaria?
Um certo dia eu estava na visita, (como sempre sozinha, pois ele estava fora da cela "sabe-se lá Deus" fazendo o que) quando o telefone tocou, (Sim! você leu certo "telefone" ... existem vários lá dentro, isso todo mundo já está careca de saber) e como ele não estava lá, eu atendi...
- Alô, com quem a senhora gostaria de falar? (Era uma mulher)
- Por favor chame o "fulano de tal". (esse fulano de tal é meu marido, comecei a tremer nessa hora, mas procurei manter o sangue frio)
- Ele não está por aqui agora, e eu não posso chama-lo.
- Quem é você? (ela me perguntou com um tom de ironia)
- Sou a esposa dele, por quê? (quando eu disse isso ela deu uma rizadinha sarcástica)
- Ah! você também é esposa dele flor? Engraçado achei que ele era só meu. (ai meu sangue subiu)
- Você quer falar com ele? Espera aí que eu vou chama-lo ta.
Eu abri a porta da cela (uma atitude que é proibida, por uma lei imposta pelos próprios presos, talvez para encobrir as tantas sem-vergonhices que há em dia de visita, nenhuma mulher pode sair da cela se não estiver acompanhada por seu marido), avistei um preso no qual eu sabia o nome, então eu o chamei (precisavam ver cara dele quando me viu chamando por ele, ficou em choque), ele veio em minha direção, mas manteve distância pois estava com medo. Então eu disse a ele que chamasse o fulano de tal "meu marido", pois a esposa dele estava no telefone (agora imaginem a cara dele que já era de susto, ficou pior ainda).
Entrei novamente na cela, peguei o telefone e disse a "esposa nº2" que ele já estava vindo e ela ainda me agradeceu.
continua...