(auto biografia) entre parentêses PARTE XII

continuando...


O tempo passava e eu nada de acordar, mais um ano se foi e nenhuma mudança em minha vida. Ainda vivia pra ele, tudo que eu fazia era sempre pensando única e exclusivamente nele, não tomava se quer uma atitude se não fosse para algum benefício relacionado a ele.
Tanto que consegui o emprego dos meus sonhos (*** Naquela época era sonho), trabalhar no ônibus da excursão da cadeia, muito cômodo não é mesmo? Unir o útil ao agradável, assim com esse emprego eu iria visita-lo na prisão sem pagar passagem e hospedagem, ainda por cima ganhava um troquinho pra me ajudar nas despesas.
Com isso fiquei me sentindo realizada, (*** mais uma vez quero deixar bem claro que isso foi à mais ou menos uns cinco anos atraz, de lá pra cá muita coisa mudou... mas ainda não cheguei nesse capítulo... aguardem) então minha vida era só excursão pra cadeia, não pensava em mais nada, e meu filho coitado ficava sempre de lado, não tinha dia das mães, aniversário, dia das crianças, natal, etc e tal. Se a data caísse em dia de visita podia me esquecer.
Minha família já nem me criticava mais, se cansaram de perder tempo tentando abrir meus olhos.
Parecia que estava tudo indo bem ao meu ponto de vista, todo fim de semana era aquela mesma rotina de sempre, arrumava minhas malas (que por sinal não eram nada nada leves, pois além de roupas, tinha também o sagrado jumbo*, e comidas prontas que eram o que mais pesava), quando cruzava o portão de minha casa, todos já sabiam pra onde eu ia (e acho que pensavam "lá vai a burrinha de carga"). Era um sacríficil carregar tantas bagagens com apenas duas mãos, e naquela época nem carro eu tinha, ia até o ponto de ônibus, quando o ônibus chegava eu tinha que pedir para o motorista abrir a porta traseira, pois era impossível passar pela roleta com tantas tralhas. Dai depois era uns vinte minutos até a estação do trem, descia do ônibus e lá vai a burrinha de carga outra vez embarcar toda a bagagem no trem, cinco estações depois descer do trem e fazer baldeação para o metrô, ir até a estação da Sé pra novamente fazer a ultima baldeação, o maior problema era descer do metrô na Sé, pois era eu querendo sair e o povo entrando e me empurrando de volta (já aconteceu de eu não conseguir desembarcar na Sé, e descer na próxima estação e pegar o metrô de volta pra Sé), depois da última baldeação enfim chego a "Estação Carandiru" é de lá que saem os ônibus pra diversas penitenciarias do interior.(isso ainda com toda a minha muamba tudo em ordem, ufaaa), mas não termina ai o sofrimento não, apenas uma etapa que foi cumprida, agora sim é que vai começar a luta, tinha que rapidamente guardar minhas coisas no ônibus, pois a partir dai começava o meu trabalho, organizar passageiros, conferir e colocar números nas bagagens... E mais ou menos uma hora e meia depois, o buzão partia do Carandirú rumo ao interior, mais ou menos umas sete horas de viajem.

continua...


* Jumbo é o nome dado pelos presos aos alimentos que as famílias levam em dia de visita.
ps: Mas na minha opinião deveria se chamar Chumbo, pois é pesado pra burro. rsrs

5 Comments:

Anônimo said...

nossa *O*
te admiroo muitoo heein ;x

/http://imensidadx3.blogspot.com

Candy said...

Meniiina, vc só tinha a ele na cabeça mesmo!
:o
To louca pra saber o final da historia... como está seu filho e tudo o mais!!!

mas ele, na epoca, fazia ao menos por onde que vc fizesse esse monte de sacrificios por ele?

;*

Tatah Marley's Confissões said...

adorei seu blog, e sua expressao nos comentarios..
e a sua definição tbm tá otimaaa!
mto boa mesmo!
bem expressivaa!
beeeijo

Loh_rayne said...

vc era t5ão cabeça dura né ? haha

tava com saudades !
beijos :*

Daniela Filipini said...

Ai eu não sei como você aguentou tudo isso! hehe
mas tem que ser forte ^^
beiiijoo ;* e quanto postar mais me avisa (: