(auto-biografia) entre parênteses PARTE III



continuando...

A viajem foi ilária... imaginem um ônibus cheio de cearences seguindo por três longos dias de São Paulo ao Ceará. Nem preciso dizer que foi uma comédia não é mesmo? Na hora em que o buzão saiu da rodoviária do Tiête em São Paulo, nada parecia anormal, só ouvia um povo falando meio arrastado "ochentiii" rsrs... Mas bastou algumas horas pra que tudo virasse uma bagunça só. Era um que falava absurdos de um lado, outros de outro, e gargalhadas e mais gargalhadas, parecia que eu estava dentro de um programa humorístico da tv. E quando a fome começou a apertar o estômago, foi literalmente aquela farofada, acreditem a maioria tinha em suas bolças uma lata (tipo aquelas de "neston" sabe?) cheia de farofa com galinha, aquilo era natural para eles, mas um tanto engraçado pra mim, e vocês num tem noção do cheiro maravilhoso que ezalava dentro do ônibus, e eu marinheira de primeira viajem num tinha nem se quer um salgadinho pra enganar a fome, e a cada kilometro a fome apertava ainda mais e nada de chegar a bendita parada, e eu que já estava verde de fome comecei a chamar a atenção do meu visinho de poltrona, e adivinhem... ele tbm tinha uma daquelas tals latas, quando ele tirou da bolsa pra comer eu tinha certeza que ele iria me oferecer, (então eu só tinha que ficar olhando pra ele neh, rsrs...), de tanto eu olhar ele disse as palavras que eu tanto precisava ouvir... "TU QUÉ UM POQUIM BICHINHA?" (dai eu logo respondi que sim né), dai ele me disse: "TU NUM SE AVECHE PURQUE EU SÓ TENHO ESSA CUIÉ AQUI, SE TU NUM TIVE NOJO PODE CUME AI"... Ahh é claro que eu num fiz nenhuma cerimônia (destrocei a galinha com a mão e é claro comi a farofa com a CUIÉ, rsrs) meu Deus como tava bão... ou sei lá, estava com fome mesmo... Depois de uma noite inteira de estrada, finalmente a paradaaaa, já é de manhã, primeira parada RJ, nossa que alívio poder esticar as canelas um pouquinho, bora pro banheiro "ahhh que alívio"(café da manhã: uma coxinha e um café com leite, écoo só de pensa já me embrulha o estômago). 20 minutos e bora pra estrada de novo (550 km, 550km, para um pouquinho, descança um pouquinho, 550 km... rsrs).






Bom depois de três dias de viajem e farofadas a parte, finalmente desembarquei no Ceará, exatamente na cidade de Crato (sertão semi-árido do nordeste), o lugar era HORRÍVEL, (um sol de racha mamona), desembarquei do ônibus meia "lezada", totalmente perdida, olho pra um lado... nada, olho pro outro... nada tbm. Daí um moço percebe que estou meia perdida (pois pensava que o meu amor estaria lá a me esperar) e pergunta "Tu ki é Gisa?" respondo que sim, então ele diz "pois sim, eu vim lhe busca, aquele fiiidiégua do seu namorado é meu primo". (pensei que ele estaria lá me esperando mas me enganei), mas tudo bem subi na moto rumo a casa da tia dele onde ele estava me esperando. Quando eu o avistei, meu coração disparou, inesplicável a emoção que eu senti naquele momento. Ficamos por lá uns dois meses mais ou menos, e acreditem nem tudo foram flores como meu coração "abestado" imaginava.

(Por que será que fazemos tantas idiotísses por amor? Hoje eu vejo o mundo com outros olhos, e o amor tbm... mas até chegar a essa visão que tenho hoje "pastei muito"... Haverão muitas linhas ainda a serem escritas.) Tivemos momentos bons é claro, (mas os ruins me fizeram decidir que jamais voltaria lá).

24 de dezembro de 1999, é véspera de natal, senti uma enorme dor em meu peito por estar longe de minha família, deu meia noite e eu liguei pra meu pai, para lhe desejar um feliz natal, e logo em seguida liguei na casa de minha mãe (pois meus pais são separados), quem atendeu foi minha irmã, comecei a conversar com ela, dizer que estava com saudades e tal... dai ouvi minha mãe gritar ao fundo: "fala pra essa infeliz não ligar mais aqui em casa, e que eu num quero vê-la nem pintada de ouro". Fiquei triste por ouvir aquilo de minha mãe, mas eu a compriendi, pois eu havia a decepcionado muito, hoje sei que ela só queria o meu bem e que não concordava com o rumo que eu estava dando pra minha vida.
Nesse meio tempo em que ficamos por lá, a mãe dele tratou de se mudar para outro estado, se estabilizou para que pudessemos viver em paz, longe de SP (já que pra lá ele não poderia voltar por estar jurado de morte). Dai então saimos do Ceará rumo ao Paraná, mas como não tinha ônibus direto, passariamos em SP primeiro, pra depois seguir para o PR.
Quando chegamos em SP, fomos direto pra casa de meu pai, nossa só de lembrar do reencontro com meu pai já tenho vontade de chorar... (eu o abracei tão forte, e me derramei em lágrimas, pois tinha sentido tanta falta dele... e pela primeira vez em quinze anos de vida eu disse ao meu pai: "EU TE AMO PAI").
Ficamos em SP apenas dois dias, escondidos como se fossemos fugitivos da lei. Tive vontade de ver minha mãe, mas não tive coragem de procura-la. E ela só ficou sabendo que eu estava em SP porque minha irmã contou a ela, e me surpriendeu com uma ligação dizendo: "Filha vem aqui em casa, a mãe está com saudades de você" (eu nem coseguia acredita que aquela era a mesma mãe que à um mês atráz havia dito que não queria me ver nem pintada de ouro). Fui até a casa dela, e fizemos as pazes... aquilo foi um tremendo alívio pra mim.
As horas passaram de pressa e logo chegou mais um momento de depedida em rodoviária. Embarcamos rumo ao Paraná.


continua...

4 Comments:

Loh_rayne said...
Este comentário foi removido pelo autor.
O Profeta said...

Mulher da ilha é solidão
É espera do vapor da madrugada
É aroma de milho em mesa de pão
É pio de milhafre, alma assombrada

Mãe em ninho feito de frias pedras
Por duras mãos cheias de jeito
Não sei se de ti brota um morno leite
Ou escorre rubra lava do teu peito

Boa Páscoa


Terno beijo

Loh_rayne said...
Este comentário foi removido pelo autor.
Loh_rayne said...

Sabe; por mais que vc tenha batido com a cara no chão e tudo mais;
você viveu por um amor;

{Ela...} ja sofreu tanto; por um falso amor;que não tem mais coragem de amar de verdade;

e sim ela sou eu;
todos os textos lá/ são sobre mim;
e as fotos; são todas minhas ;~

To loca pra saber o final; apesar de saber; que não sera tão bom assim; a não ser pelo fato; de todo esse sofrimento ter te ensinado a ser forte; e te tornado a pessoa que hoje você é;

;*