(auto biografia) entre parentêses PARTE VI



Continuando...


Naquele dia cheguei em minha casa me sentindo um "lixo"... pela impotência daquele momento, por me sentir de mãos atadas, por não poder fazer nada para mudar aquela situação (logo eu que sempre fiz o que "deunatelha"... que sempre corri atraz do que eu achava certo, mesmo sendo errado, sem medir conseqüências), desta vez a minha única opção era esperar. Esperar por uma justiça humana que muitas vezes é falha, e dessa vez eu torcia pra que ela falhasse novamente, pois eu sabia que se ela fosse justa significaria o meu sofrimento maior, sei que ele teria contas a acertar e pagaria um preço alto pelos seus atos ilícitos, e talvez os mais prejudicados neste caso seria eu e o nosso filho, pois não fizemos nada e pagariamos junto por tudo aquilo.
Todos os dias no fim da noite, eu acendia uma vela e orava... pedia para que Deus colocasse sua mão sobre nossa pequena família e abençoasse, e com muitas lágrimas eu pedia pra que ele trouxesse meu marido de volta.
Mas os dias foram passando e a minha situação não era nada boa, estava grávida de quase 7 mêses e ainda não havia comprado nada para o bebê, sem contar que estava sem emprego e morava de aluguel. O mês logo passou, e com isso veio o aluguel (de onde eu tiraria dinheiro para paga-lo?) começaram ai as humilhações, fui atraz do pai dele pedir ajuda. Bom o primeiro mês foi fácil, ele me deu o dinheiro e eu paguei o aluguel. Mas não era só isso, ainda faltavam as coisas do bebê... Os dias foram passando, noites mau dormidas, solidão, insônia, velas, orações, e nada, (parecia que Deus tinha outros planos). Eu só conseguia pensar no dia de visita contava os dias para chegar logo o fim de semana para assim poder vê-lo.
À poucas semanas do nascimento de meu bebê, meu pai me deu uma boa quantia para que eu pudesse comprar o enxoval, (graças a Deus e ao meu pai, sem roupa o meu bebê não iria nascer), fui com a minha mãe na loja e comprei tudo (berço, colchão, banheira, mamadeira... etc... tudo mesmo... "azul é claro" para o meu muleque! ).
27 de Março de 2002, essa seria a minha última consulta do pré-natal (e eu nem imaginava, acreditem eu fui de moto, rsrs). Cheguei na consulta na hora certinha, mas eu era a útima da lista... (já dá pra imaginar que fiquei horas lá naquele postinho não é mesmo, infelizmente contar com a assistência de saúde pública não é nada fácil), quando o médico foi me examinar já era umas 18:00 horas... (daí veio a noticia que eu mais temia... o parto). O médico me examinou e me perguntou se eu me sentia bem, eu o respondi que sim, então ele disse: - Então vai até sua casa, arrume sua bolsa e pode ir para a maternidade porque o seu bebê nascerá hoje.
Eu tomei um susto, mas achei que ele estava brincando comigo, pois eu não estava sentindo nada, ao contrário, me sentia super bem. (mas ele realmente estava falando a verdade) Fui até a casa de meu pai e pedi para ele me levar até a maternidade, (estava bem tranqüila, sem dor alguma, e achava que quando chegasse lá o médico iria me mandar de volta pra casa e diria que ainda não está na hora do bebê nascer... e nem arrumei bolsa coisa nenhuma), liguei para minha mãe e disse que eu estava indo para a maternidade e pedi pra ela que lavasse as roupinhas do bebê e arrumasse tudo pra mim (até a minha mãe pensou que eu estava brincando), quando cheguei lá e me fizerão tirar a roupa e colocar aquela roupa estranha de hospital e etregarão meus pertences ao meu pai, (aí é que a fixa caiu). Fui para a sala de pré-parto, e meu pai teve que ir embora, fiquei sozinha e com um medo enormeeeeeeee (não só pela dor do parto que eu nunca tinha sentido antes mais já tinha ouvido muito a respeito, mas também pela transformação que a minha vida sofreria a partir daquele momento).
Entrei na sala de pré-parto mais ou menos umas 8:00 noite, uma enfermeira me colocou no sôro, (eu "ainda" estava bem tranqüila), As horas foram passando e eu via outras mulheres chegarem em trabalho de parto gritando igual loucas, e eu ali sem sentir nada (pensava... será que dói tanto assim? ou será que são umas escandalosas mesmo?). Passei a noite no sôro e nada dessa tal dor chegar, já estava com fome e com sede, mas a enfermeira não me deixava comer nada, (já estava de saco cheio de ficar ali naquela cama ouvindo gritos, mulheres entrando e saindo daquela sala e eu nadaaa). Eram quase seis horas da manhã, quando de repente... as benditas dores comessaram, (meu Deus do céééu... que dor absurdaaaa, agora chegou a minha vez de gritar). Mas isso durou pouco tempo "graças a Deus", fui para a mesa de parto e exatamente as 6:10 da manhã do dia 28 de março de 2002 nasce meu bebê, ainda me lembro da sensação maravilhosa que senti quando eu o vi pela primeira vez (nossa ele era lindooo... sei que toda mãe acha seu filho lindo, mesmo que tenha cara de joelho como todos dizem, mas o meu era lindo sim!), tão perfeitinho, e graças a Deus com uma saúde perfeita também. (seu nome? Gustavo! lindo nome também não é mesmo? rsrs).
Logo fui para o quarto, e maternidade pública é assim que funciona "quem pariu seus matheus que balance", então eu que nunca tinha tido um filho antes tive que cuidar do meu sozinha no hospital, trocar, banhar, amamentar... etc (meu Deus do céu e ele num parava de choraaaaar... rsrs)
Chega a hora mais esperada na maternidade, a hora da visita... (ainda me emociono de lembrar daquele momento) na primeira visita quem veio foi minha mãe, eu estava feliz por ela estar ali, mas não conseguia desfarçar a tristeza de não poder contar com a visita da pessoa mais importante naquele momento (o pai de meu filho... o homem da minha vida), dividia o quarto com uma outra mãezinha de primeira viajem, e eu via o marido dela pegar seu filho no cólo com um brilho nos olhos, e tinha vontade de chorar por meu marido não estar ali comigo.
Fiquei na maternidade três looongos dias, horas que pareciam não passar nunca. Em fim chega o dia 30 e eu irei para casa após a visita. Meu pai chega para me levar embora, então fomos dar baixa nos papéis e pegar a minha tão esperada "alta". Dai a moça do balcão perguntou a meu pai: - O senhor é o pai?... se referindo ao bebê (sem perceber meu pai disse que sim) e depois é que ele concertou dizendo: - Sou pai dela ... (quando ela perguntou ele achou que ela estava falando de mim.. rsrs).
Fomos para casa (ai ai em fim em casa! já estava com saudade da minha casinha), de volta para a realidade, agora já não mais só... tenho um principe para me fazer companhia. É inesplicável a mudança que um filho proporciona em nossas vidas, é um amor incondicional, é o mais puro dos sentimentos. Hoje posso dizer que um filho é tudo na vida de uma pessoa!
No começo foi meio dificil de acostumar com a responsabilidade que um filho nos faz carregar, também fui "pararicada" (confesso que isso foi muito bom), minha mãe estava sempre lá em casa cuidando de mim, fazendo comida e me ajudando a cuidar do Gu.
Daí pra frente a minha vida foi ficando cada vez mais díficil, só que agora eu não estou só como antes, tenho meu filho... minha razão maior para lutar e vencer.
continua...