(auto biografia) entre parentêses PARTE XIII

Continuando...


Saia de S.Paulo na sexta e voltava só no domingo por volta das 22:30, isso quando não acontecia nenhum imprevisto no caminho de volta, (como os problemas mecânicos no ônibus que eram frequentes) quando isso acontecia, na maioria das vezes, chagavamos em SP com horas de atraso, muitas vezes até os ônibus já haviam parado de circular, conclusão... não tinha possibilidade de chegar em casa. Teve uma vez que eu cheguei só na segunda de manhã, sem contar a vez que eu fui a pé pra casa, pois quando cheguei no ponto para pegar o ultimo ônibus, ele não parou pra mim "acho que o motorista assim como eu, estava cansado e com pressa de chegar em casa", neste dia eu fui caminhando até a minha casa, mais ou menos uma hora e quarenta minutos andando com bagagem pesada e tudo mais "tinha que andar se não dormiria na rua".
Mas nada disso era tido com um sacrifício por mim, achava difícil mas isso não era o bastante, não tinha o que me impedisse, a vontade de ir vê-lo era muito maior do que qualquer obstáculo. Findava-se a semana e a jornada começava novamente.
O fim de semana era sagrado, visita no sábado, visita no domingo "coitadinho do meu filho, ele nem sabia o que era um domingo no parque, pelo menos não comigo, as vezes quando ele saia era sempre com os outros e nunca comigo". Eu estava cega, só pensava no pai do meu filho e porta de cadeia, e nem se quer enxergava que ele não estava correspondendo a esse amor todo que eu estava dedicando a ele (por incrível que pareça até da comida que eu preparava pra ele com tanto carinho ele reclamava, sempre tinha um defeito pra colocar), não me dava a atenção que eu merecia na visita, e muitas vezes ele passava a maior parte dormindo, isso quando ele não saia da cela e me deixava sozinha.
E eu é claro optava pelo famoso "DR" (... discutir a relação), queria que ele reconhecesse o meu sacrifício (mas como ele poderia reconhecer um sacrifício que nem eu mesma reconhecia?), queria que ele me desse mais valor, mas eu mesma não me valorizava, é claro que o tal do "DR" sempre acabava em briga, e eu sofria horrores com isso. Vivia me sentindo menosprezada, um "lixo", auto-estima? isso pra mim não existia, nem se quer sabia seu significado.
continua...

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