(auto biografia) entre parentêses PARTE VII

continuando...



Agora com um filho em minha vida, tudo começa a mudar... (mas ainda colocava o pai do meu filho em primeiro lugar em minha vida), uma semana depois que meu bebê nasceu, já estava eu lá na porta do centro de detenção esperando para entrar, nem o umbigo do bebê havia caido ainda (e eu já estava o levando para aquele lugar imundo para conhecer um pai que nem pensou nele quando cometeu todas as atrocidades, ele "o pai" se mostrava muito arrependido, mas na situação dele quem não estaria não é mesmo?), naquela época eu não enxergava nada em minha frente a não ser o pai do meu filho. Parecia ser o ar que eu respirava, estava céga com a minha própria vida.

Os dias foram passando vagarosamente, e isso era uma tortura para mim, tinha esperança que ele logo voltaria para casa e todo aquele pesadelo acabaria (em fim poderiamos ser uma familia de verdade), continuava a orar e acender velas todos os dias, era como um ritual para que Deus o troxesse de volta.


Ainda estava de dieta pelo nascimento de meu filho quando recebi a noticia que eu mais temia em minha vida "veio a condenação". Eu não esperava por aquilo, tinha fé que Deus iria traze-lo de volta para casa e meu bebê não iria crescer sem um pai. Meu mundo desabou naquele instante que recebi aquela maldita ligação (cinco anos e sete meses de prisão em regime fechado), toda a minha fé e esperança foi pelo ralo em segundos.

Entrei em depressão profunda, não tinha mais vontade de viver, já não orava mais e nem muito menos acendia velas, tive que entregar minha casa, pois era alugada e não teria como bancar aluguel, casa, filho sozinha por anos e ainda por cima sem emprego.

Ai começa a pior faze da minha vida, sem casa para morar, com um filho pequeno para criar, sem emprego... e o pior sem vontade de viver me tornei um peso nas costas dos outros. Não tive nenhum apoio de minha mãe e nem de meu pai, a minha única opção era correr atraz da familia do pai do meu filho, ai vieram também as humilhações.

De inicio fui morar na casa do meu sogro, (no começo sempre são rosas! mas é só passar uns dias para a realidade vir atona), ele e a mulher dele trabalhavam e saiam bem cedo de casa, eu por minha vez já que estava em casa cuidava dos afazeres domésticos "normal". Mas com o passar dos dias nada que eu fazia era o sulficiente (hoje eu sei que o meu maior erro foi não procurar algo para o meu próprio sustento "trabalho", para minha indepêndencia... reconheço que eu era um pêso na vida de todo mundo, mas naquela época eu não tinha força para dar a volta por cima), começaram ai as brigas e cobranças da parte da mulher do meu sogro. Cheguei a ir até a casa do meu pai chorando com meu filho nos braços implorando para que ele me ajudasse pois estava passando humilhações na casa dos outros (naquela época meu pai tinha uma casa que estava vazia e eu poderia me arranjar por lá), mas mesmo com as minhas lágrimas meu pai foi curto e grosso comigo "Não posso fazer nada, essa foi a vida que você escolheu" disse meu pai, e eu sai derramando lágrimas pelo asfalto e muito magoada com a atitude dele (mas hoje eu entendo ele, sei que eu o decepcionei demais, sei que ao negar a casa ele queria me dar uma lição, de uma certa maneira queria que eu acordasse para a realidade), não conseguia enxergar essa realidade, sentia muita pena de mim mesma (me achava a coitadinha), esse foi o meu pior erro, e mais uma vez iria aprender com o sofrimento.


continua...