(auto biografia) entre parentêses PARTE IX
Postado por G i h . V i s c o n i / ♥ em 5/27/2008 01:54:00 PM 5 COMENTAÍ MEU
(auto biografia) entre parentêses PARTE VIII
Com a condenação veio também a transferência para o presídio no interior de Sp, pois não há mais presídios na capital, agora para visita-lo eu teria que viajar mais de oito horas, sem contar a dispesa com passagem de ônibus, alimentação, e hotel. As coisas pioravam a cada dia.
E eu ainda sem um lar, sem emprego, sem perspectiva de vida, com um filho pequeno e um marido preso (meu Deus será que esse é o fundo do poço?).
Comecei a fazer imãs de geladeira pra juntar dinheiro e assim poder comprar a passagem para ir vizita-lo, não pensava no meu filho nem se quer em mim mesma, só conseguia pensar nele, em ter o bendito dinheiro da passagem, ai começa uma nova jornada em minha vida, o ônibus era de excursão (sim as famosas excurções... os famosos ônibus de familiares de presos que tanto já ouvimos falar de assidentes em noticiários na tv), mas eu tinha que me arriscar assim mesmo, pois a passagem do ônibus convencional era o dobro do valor.
Os ônibus partiam de uma praça em frente ao terminal rodoviário da barra funda em Sp, dalí saem ônibus para todas as penitênciárias do interior, (imaginem a confusão, eu ainda não tinha noção do que era aquilo ali, parace mais com um sub-mundo sei lá), eu nunca havia visto nada igual, tanta mulher "malandrona", tanta gíria, tantas sacolas de "jumbo" (é assim que é chamado os alimentos que essas mulheres "inclusive eu" levam para seus companheiros), no começo tudo era muito assustador, pois eu já tinha ouvido falar muito mau dessas "mulheres de preso" e agora eu estava ali no meio delas (ou melhor agora eu era uma delas), eu tinha medo até de olhar pro lado e uma delas não ir com a minha cara, mas com o passar do tempo eu fui aprendendo a conviver com isso, e também fui conhecendo um lado que eu não imaginava que existia, o lado companheiro e amigo que muitas dessas mulheres tem, é uma união em meio ao sofrimento, muitas ali já estavam nessa vida a mais de 10 anos, ou por diversas vezes. É claro que tinha também pessoas muito ruins nesse meio, e é dessas pessoas que vem a tal mau-fama. Como eu era marinheira de primeira viajem, estava totalmente perdida e como eu já disse que há uma certa união entre elas, já logo uma apareceu para me dar alguns toques, perguntou se era a minha primeira vez e eu respondi quem sim, então ela me disse: - Tome muito cuidado com as suas coisas tanto no ônibus quanto no hotel, pois tem certas mulheres aqui que carregam drogas e se acontece de a polícia nos parar elas costumam jogar os seus "B.O." nas coisas dos outros. E eu que já estava com medo depois disso fiquei em "choque", o ônibus saiu de Sp era mais ou menos umas 11 horas da noite na sexta-feira, e eu fui a viajem inteira acordada morrendo de medo que algo acontecesse, no meio da estrada houve uma "blits" logo na minha primeira viajem, (os ônibus de mulher de preso já é visado pela polícia que sempre armam essas famosas blits a procura de contravenções "drogas, armas... etc") nunca pensei que fosse tão humilhante assim, os policiais nos tratam como se fossemos todas criminosas, policiais femininas que mais parecem "sapatonas" revistam uma por uma de nós, enquanto policiais reviram todas as nossas coisas e jogam tudo no asfalto, desde os alimentos até nossas calsinhas, (é tanta humilhação que nem dá para descrever tudo, essas blits costumam atrazar a viajem em duas horas ou mais, isso quando não acham nada, porque se alguma dessas mulheres "dispensão" droga dentro do ônibus ai ninguém é liberado pra seguir viajem em quanto não aparecer um culpado). Tive muito medo de alguém jogar algo em minhas coisas ou em meu banco, mas graças a Deus nada de pior aconteceu e seguimos viajem normalmente.
Quando chegamos lá na porta da penitênciária eu peguei a senha de n° trezentos e lá vai cacetada, nem me lembro ao certo, só lembro que eu entrei na visita já era mais de 2 horas da tarde, sendo que a visita começa as 8:00 da manhã, apesar da canseira o ambiênte lá era mais agradável "se é que pode se chamar de agradável" do que o do centro de detenção provisória na capital, pois os agentes penitenciarios do interior eram mais educados "humanos" e não nos tratavam como um lixo.
Quando eu finalmente o encontrei no pavilhão comecei a chorar sem parar, entramos para o "barraco" como são chamadas as celas, e mal pude matar a saudade já era hora de sair, mas estava feliz por saber que no outro dia iria vê-lo novamente, pois no interior as visitas eram aos sábados e domingos, então fui para o hotel e lá comenheci outras mulheres, essas que tinnham entrado muito primeiro que eu na visita pois tinham senhas baixas (e eu é claro queria uma senha baixa também e faria o que fosse preciso para consegui-la), então elas me disseram que dormião na fila da penitênciária e me chamaram pra ir também (naquela época eu não media sacrificios para estar ao lado dele, então lá foi eu durmir ao relento), e funcionou, realmente fui uma das primeiras da fila, entrei na visita era umas 8:30 mais ou menos e dessa vez pude aproveitar bem melhor, mas quando chegou a hora de ir embora bateu aquela tristeza de não poder leva-lo comigo, de não saber quando eu iria vê-lo novamente, sai da penitenciaria aos prantos, embarquei no ônibus rumo a minha dura realidade.
Postado por G i h . V i s c o n i / ♥ em 5/23/2008 05:14:00 AM 3 COMENTAÍ MEU
(auto biografia) entre parentêses PARTE VII
Ainda estava de dieta pelo nascimento de meu filho quando recebi a noticia que eu mais temia em minha vida "veio a condenação". Eu não esperava por aquilo, tinha fé que Deus iria traze-lo de volta para casa e meu bebê não iria crescer sem um pai. Meu mundo desabou naquele instante que recebi aquela maldita ligação (cinco anos e sete meses de prisão em regime fechado), toda a minha fé e esperança foi pelo ralo em segundos.
Entrei em depressão profunda, não tinha mais vontade de viver, já não orava mais e nem muito menos acendia velas, tive que entregar minha casa, pois era alugada e não teria como bancar aluguel, casa, filho sozinha por anos e ainda por cima sem emprego.
De inicio fui morar na casa do meu sogro, (no começo sempre são rosas! mas é só passar uns dias para a realidade vir atona), ele e a mulher dele trabalhavam e saiam bem cedo de casa, eu por minha vez já que estava em casa cuidava dos afazeres domésticos "normal". Mas com o passar dos dias nada que eu fazia era o sulficiente (hoje eu sei que o meu maior erro foi não procurar algo para o meu próprio sustento "trabalho", para minha indepêndencia... reconheço que eu era um pêso na vida de todo mundo, mas naquela época eu não tinha força para dar a volta por cima), começaram ai as brigas e cobranças da parte da mulher do meu sogro. Cheguei a ir até a casa do meu pai chorando com meu filho nos braços implorando para que ele me ajudasse pois estava passando humilhações na casa dos outros (naquela época meu pai tinha uma casa que estava vazia e eu poderia me arranjar por lá), mas mesmo com as minhas lágrimas meu pai foi curto e grosso comigo "Não posso fazer nada, essa foi a vida que você escolheu" disse meu pai, e eu sai derramando lágrimas pelo asfalto e muito magoada com a atitude dele (mas hoje eu entendo ele, sei que eu o decepcionei demais, sei que ao negar a casa ele queria me dar uma lição, de uma certa maneira queria que eu acordasse para a realidade), não conseguia enxergar essa realidade, sentia muita pena de mim mesma (me achava a coitadinha), esse foi o meu pior erro, e mais uma vez iria aprender com o sofrimento.
Postado por G i h . V i s c o n i / ♥ em 5/14/2008 05:07:00 AM 5 COMENTAÍ MEU
(auto biografia) entre parentêses PARTE VI
Postado por G i h . V i s c o n i / ♥ em 5/07/2008 08:01:00 AM 3 COMENTAÍ MEU