(auto biografia) entre parentêses PARTE V








Oiee gente... desculpem andei meia sumida eu sei, mas é que ultimamente ando sem tempo, mas é claro que não deixarei minha história sem um "fim", to postando agora a quinta parte e acho que essa é a penúltima, espero postar o final o mais rápido okay... beijinhos ~*






Continuando...



Voltei pra SP com a intenção de recomeçar minha vida de onde parei (pensei que isso seria possível, mas estava enganada mais uma vez), voltei a morar na casa de minha mãe. Mas nada era como antes, pois é claro que depois de tudo que eu havia feito agora teria que sofrer as conseqüências. Minha mãe não confiava mais em mim (com toda razão). Tinha que arrumar um emprego e poder me redimir, mas eu não estava nem um pouco interessada nisso (queria minha vida mansa de antes... não sei como eu pude ser tão irresponsável), estava com os meus 18 anos, não queria saber de nada com a vida, não trabalhava, não terminei o colégio, e se achava dona de meu nariz só porque tinha passado a maioridade.


Infelizmente, a vida ainda não tinha me ensinado a viver (dificil de acreditar nisso não é mesmo? depois de tudo que eu havia passado, não ter aprendido a lição), passaram 30 dias que eu tinha voltado, ele veio atráz de mim. Resolveu os problemas que ele havia deixado por aqui (problemas esses que foram o motivo de sua "fuga" para o PR), e veio até a minha casa pedir pra voltar-mos, e minha mãe ao ver minha falta de interesse pela minha vida, deu o maior apoio a ele... (talvez quizesse se livrar deste problema chamado "Gisa"), sei que ela sempre quiz o meu bem, e ela tinha visto que ele estava realmente mudado.


Então acabamos voltando, só que ao voltar pra SP ele também reencontrou seus velhos amigos (foi ai que o pesadelo recomeçou também), e aquele cara que tinha se tornado um homem responsável, de bem, um ótimo marido... desapareceu (acho que ficou lá no PR onde eu o deixei), tudo voltou a ser como era antes de ir-mos embora, ele só queria saber de seus "amigos". Voltou a fazer coisas erradas "ilicítas", e já não tinha mais tempo pra mim, estavamos juntos mas em casas separadas, eu na casa de minha mãe e ele na do pai dele.


Ai foi que o inesperado aconteceu... fiquei grávida (por quê? Por quê logo agora meu Deus? agora que eu não tenho mais minha casa, nem meu marido perfeito, tive 2 anos tranqüilos no PR... Por quê isso foi acontecer logo agora e não antes?), fiquei desnortiada, grávida, sem emprego, sem casa, e o pior o pai dessa criança tinha se tornado um traste outra vez. Ele não queria nem saber de mim ou da criança que eu estava esperando, sumia no mundo e eu sem saber por onde ele andava, tive uma gravidez muito dificil, passava muito mal, desmaiava por problemas de pressão, quase não comia, já estava de 5 mêses de gravidez e nem se quer tinha ido ao médico ainda, comecei o pré-natal com quase 6 mêses de gravidez, não me preocupava nem um pouco com essa criança que carregava dentro de mim (cheguei a pensar que se ouvesse algum problema na gravidez e eu perdesse meu filho seria muito melhor pra mim).


De tanto minha mãe ficar no pé dele, ele finalmente alugou uma casa pra gente morarmos, comprou alguns móveis (os mais necessários, geladeira, fogão, armário... o resto improvisei como pude, ganhei uma cama usada com colchão), não era grande coisa, mas já era o primeiro passo, pelo menos agora tinhamos nosso próprio canto. Mas a casa só servia pra ele me deixar sozinha, não se preocupava nem um pouco com o bebê, passava o tempo todo jogada, ele saia logo cedo com os amigos, as vezes colocava até o relógio pra despertar.


18 de dezembro de 2001, era muito cedo quando ele saiu de casa e me deixou durmindo, umas 2 horas depois que ele havia saido, acordei com a polícia batendo em meu portão (meu coração disparou, comecei a tremer... sabia que tinha acontecido algo de muito ruim), fui até o portão para atendede-los, quando cheguei ao portão eles me perguntarão se eu era a esposa de fulano de tal (disserão o nome do meu marido), eu respondi que sim, ai eles disserão que ele havia sido preso e como estava sem nenhum documento deu o endereço para a polícia ir buscar. Eles entraram em minha casa, reviraram tudo a procura de algo que o prejudicasse mais ainda, mas graças a Deus na minha casa não tinha nada (eu jamais permitiria coisas ilicitas em minha casa), eles pegaram os documentos dele e foram pro DP, eu perguntei onde ele estava detido e com uns amigos dele que moravam no mesmo quintal fomos atráz do advogado dele e seguimos pro DP. Eu com uma barriga enorme de 6 mêses de gravidez passei o dia inteiro na porta do DP esperando por notícias, achando que o advogado iria resolver alguma coisa. No fim da tarde o advogado me disse pra ir em casa pegar algumas coisas pra ele (toalha, chinelo, creme dental, escova... etc), busquei tudo e continuei a esperar na porta do DP, quando passou uma delegada ou assistente, não sei bem o que ela era e me disse: "Vai pra sua casa garota, olha essa barriga, você não pensa nessa criança, deveria pensar, essa criança sim merece o seu cuidado e não esse ai que esta lá dentro detido, pois ele já é bem grandinho pra saber que o que estava fazendo era errado". Fiquei xocada com o jeito que ela me tratou (mas isso era a mais pura realidade, e estava sendo só o começo), mas mesmo assim continuei a esperar, tanto emplorei para o advogado que ele conseguiu que eu entrasse para falar com o meu marido, quando entrei na sala e vi ele daquele jeito "algemado" me senti da mesma forma, pois era como se eu estivesse algemada também, queria poder fazer algo para o tirar dali mas não podia. Comecei a chorar, o abracei, e perguntei "E agora o que vai ser de mim e do nosso filho?", dava pra ver o arrependimento estampado em seu rosto. Eu o entreguei as coisas que havia buscado em casa e o delegado pediu pra eu me retirar, sai e continuei na porta do DP até o momento em que ele saiu escoltado e algemado para a seccional, onde passaria a noite pra depois ser internado no CDP pra aguardar julgamento. Fui pra casa arrazada, pois não havia nada que eu pudesse fazer.


Os dias foram passando, e o "advogado dos inferno" me dava esperança que o tiraria o mais rápido possível de lá, todas as noites eu acendia uma vela e orava pra Deus pedindo que trouxesse ele de volta, me sentia completamente sozinha, não tive nenhum apoio de minha família, tinha um bebê em minha barriga que estava prestes a nascer e nem ao menos tinha comprado um pacote de fraldas, não me cuidava, estava com quase 7 mêses de gravidez e meu bebê pesava apenas 700gramas. Fiz o primeiro ultrason e descobri que meu bebê era um menino, um menino que tanto queriamos e agora eu nem podia contar a ele isso, a maioria na sala de espera eram casais, e eu estava ali sozinha como se meu filho não tivesse pai.


Passaram uma semana desde que ele foi preso, era semana do natal e eu pude ir visita-lo no CDP, a fila na porta era imensa por causa do natal, me lembro como se fosse hoje, estava eu e minha sogra, passamos mais de 5 horas na fila, era tudo muito estranho pra mim, outra realidade, era como um sub-mundo, as mulheres na fila abrindo as embalagens (bolachas, salgadinhos, leite em pó, até os pacotinhos de suco), e colocando em saquinhos transparêntes, foi ai que descobrimos que se não fizessemos igual tudo o que compramos pra ele não entraria. Sem contar que a mulher que estava em nossa frente na fila percebeu que era a nossa primeira vez e me alertou "Mocinha do jeito que vocês estão vestidas também não vão poder entrar", (eu fiquei abismada, estava vestida normalmente, com calsa de tecido confortável (pois estava grávida), blusa e tênis.


Ela disse:
- de tênis não entra, só chinelo, e de calsa jeans também não.
(pois minha sogra estava de calsa jeans) dai eu perguntei como iriamos fazer

Ela disse:
- vai lá em cima na rua, tem uma senhora que aluga roupa e chinelos.
(meu Deus do céu, isso é o cúmulo do absurdo... mas fazer o que né, era isso ou nada)

Eu causei o chinelo que tinhamos comprado pra ele, já a minha sogra teve mesmo que alugar um chinelo e uma saia também. Depois de mais de cinco horas na fila, chega a nossa vez, eu nem imaginava como seria daquela porta pra dentro (que lugar imundo, um cheiro horrorozo de comida azeda, me embrulhou o estômago na hora), lá dentro havia outra fila, entregamos os documentos e guardamos a bolça com brincos, anéis, aliança... nada disso entrava. Pegamos mais uma fila, desta vez pra revistar os alimentos que trouxemos pra ele (estava tudo tão arrumadinho, tudo organizado e o agente penitenciário revirou tudo, colocou sabão em pó junto com os alimentos, vez tudo parecer nojento), logo depois chegou a hora da revista em nossa roupa, entramos em um cubículo onde ficam as agentes femininas para sermos revistadas rar (eu achava que ela só iria me revistar passando a mão ou um detector de metais, como numa revista comum, mas isso só acontece na novela mesmo, tive que tirar minha roupa toda e ainda ficar agachando na frente dela, isso foi muito humilhante, senti tanta vergonha que nem olhei na cara dela), depois de tudo isso finalmente entramos em direção ao pavilhão onde ele estava, ao chegar no ultimo portão demos de cara com o pátio lotado de presos e visitas, ele logo nos viu e veio em nossa direção, quando eu o vi quase não o reconheci, estava com a cabeça raspada, uma roupa estranha, logo meus olhos se encherão de lágrimas, ele veio e me abraçou e começamos a chorar juntos.
Eu logo disse a ele: - Nosso bebê é um menino, nosso muleque como queriamos, ele abriu um sorriso de ficou sem palavras. Entramos para o "barraco" (é assim que eles lá dentro chamam as celas), na verdade é um cômodo com camas de concreto de 3 "andares" no total de 12 camas todas fechadas com lençol só pra manter uma certa "privacidade"). Ficamos lá por pouco tempo, pois a demora foi tanta para entrarmos que logo chegou o fim da visita. Deixa-lo lá e ver aqueles portões se fecharem em nossas costas foi horrível (é indescrítivel o terrível som das grades batendo a cada portão que se fecha). Sai de lá tremendamente arrazada, amargas lembranças que infelizmente será quase impossível de esquecer.


continua...